Petrobras (PETR3 e PETR4): Luiz Fernando Roxo avalia o que esperar das ações

Fabrizio Gueratto é colunista, financista e youtuber. Escreve neste espaço regularmente

A nomeação de um general para a diretoria da Petrobras (PETR3 e PETR4) gerou uma onda de apreensão entre os investidores. Após afirmar que não interviria na estatal, o presidente Jair Bolsonaro indicou o nome de Joaquim Silva e Luna para o cargo de diretor-executivo, em substituição de Rodrigo Castello Branco, notável liberal celebrado pelo mercado.

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O caso ocorre após aumento no preço do petróleo e ameaça de greve por parte de uma importante base eleitoral de Bolsonaro: os caminhoneiros. Apesar de afirmar que a precificação do combustível não será artificialmente precificada, o presidente acaba com um período de relativa independência corporativa da Petrobras (PETR3 e PETR4). Formado pela Universidade de Chicago, Castello Branco defendia a manutenção da malha do mercado, mantendo os preços do petróleo balizados pelos índices internacionais.

Durante o pregão da última segunda-feira, as ações da Petrobras acusaram queda de 21,51% na B3 (B3SA3), enquanto o Ibovespa apresentou retração de 4,87%. O dólar também apresentou alta de 2,52%. Em convergência com o derretimento das ações da petroquímica, o Banco do Brasil (BBAS3) apresentou queda de 11,65%, impulsionada pelo receio de novas medidas impopulares por parte do governo.

Para destrinchar a situação e compreender o melhor caminho a ser tomado pelo investidor, conversei com Luiz Fernando Roxo, especialista em opções e sócio fundador da holding Zeneconomics.

Bolsonaro indicou um militar à posição que pertencia a um liberal formado pela Universidade de Chicago. O que a mudança na gestão da Petrobras indica ao investidor?

A mudança em si poderia ser muito mais sutil e suave do que foi. O mandato do ainda atual presidente da Petrobras tem vigência até o dia 20 de março, e uma simples não renovação traria muito menos turbulência para o mercado. O maior problema foi o que precedeu a futura substituição. Falas de Bolsonaro em tom de ameaça a qualquer um que não siga sua cartilha deixaram os investidores com temor do velho fantasma: intervenção política em estatais. Isso sem dúvida traz muita insegurança econômica para nosso mercado, principalmente em todas as estatais.

Qual é o risco da precificação artificial do combustível?

Uma precificação artificial que não condiz com o mercado exterior é extremamente nociva para a saúde de qualquer empresa. Quando se impede que o mercado se auto regule, dá- se início a um ciclo vicioso. A empresa não terá seus preços condizentes com o mercado, podendo, ao longo do tempo, acabar sucateando suas operações. Já vimos uma das grandes petrolíferas do mundo passar por isso, a Petróleos de Venezuela (PDVSA). Preço defasado, tecnologias defasadas.

O mercado internacional demonstrou forte apreensão após o evento. Qual é a importância desse segmento às estatais brasileiras?

A forma com que o investidor estrangeiro passa a olhar para nosso mercado, que tem como suas principais empresas, as estatais, fica extremamente negativa. O risco de interferências por questões políticas faz o chamado risco Brasil subir ainda mais. Com isso, o dinheiro do investidor estrangeiro pode sair do nosso mercado, o que faria o dólar disparar ainda mais.

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Qual era a reputação de Roberto Castello Branco em relação à concepção do mercado?

A reputação de Castello Branco no mercado era bem vista. Um presidente técnico que até então fez uma boa gestão frente a companhia. Cargos de pessoas técnicas sempre são bem vindas aos olhos do mercado.

Bolsonaro anunciou que isentaria tributos federais sobre o diesel por dois meses. Pela lei de responsabilidade fiscal, esse corte deveria ser sanado por outra taxação. Qual é o impacto dessa medida para o balanço fiscal brasileiro?

O balanço fiscal brasileiro segue sendo monitorado de perto pelo mercado. Isentar imposto em um momento como esse pode ser perigoso, ainda mais com um possível auxílio à vista. Estamos vendo cada vez mais dívidas e cada vez menos arrecadação, é uma questão de matemática, a conta não fecha.

Você acredita que a medida gerou uma reação em bando descompensada ou a apreensão geral do mercado é justificável?

O mercado precifica movimentos prejudicais para a economia. O mercado pune. Só o tempo dirá se a queda foi exagerada ou não. O fato é que devemos continuar de olho nas próximas mudanças da estatal.

Quais são os próximos passos para a Petrobras? Há como reverter o dano causado pela nomeação?

Os próximos passos são; a nomeação do novo presidente, conferir o plano de governo dele frente a empresa e ver se a empresa será resiliente a tantas mudanças mal vistas pelo mercado. Dificilmente a Petrobras tirará essa mancha de sua história, mas ainda segue sendo uma empresa com um enorme potencial de rendimentos. O mercado pune, mas gosta de comprar barato também.

O que o investidor que já possui o papel deve fazer?

Isso é uma decisão muito pessoal de cada um. Meu conselho é: siga o plano. Se seu plano para a empresa é algo a longo prazo e ela ainda faz sentido pra você, siga comprado. Caso tenha reavaliado os riscos desse papel em sua carteira e já não faça mais sentido, você pode vender as ações, ou até mesmo aproveitar a alta da volatilidade para fazer algumas operações com opções.

Quem ainda não é acionista, abre uma excelente oportunidade de compra?

Quem ainda não é acionista ou até mesmo gostaria de aumentar sua posição, essa é uma boa hora. Devemos comprar quando está barato e vender quando está caro. Se fizer sentido em sua carteira, aproveite o desconto nos preços.

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