O Brasil está perdendo atratividade para os investidores estrangeiros. Os efeitos da crise global provocada pela pandemia e as incertezas em relação à retomada da trajetória do controle de gastos públicos no próximo ano reduziram o apetite pelos ativos brasileiros.
Segundo o Globo, com o avanço de queimadas e desmatamento, esse quadro tende a se agravar.
Os dados do fluxo cambial mostram um quadro inédito de saída de recursos externos. Nos primeiros oito meses deste ano, US$ 15,2 bilhões deixaram o país, o maior volume para o período desde que o Banco Central (BC) começou a compilar as estatísticas, em 1982.
Além disso, os investidores estrangeiros retiraram R$ 87,3 bilhões da Bolsa brasileira de janeiro a 17 de setembro de 2020.
Quase o dobro
Conforme o jornal, esse montante é quase o dobro do registrado em todo o ano passado, quando saíram R$ 44,5 bilhões. É a maior saída da série da B3, iniciada em 2008.
Os dados do fluxo cambial consideram os resultados das exportações e importações do país, a chamada conta comercial, e o fluxo financeiro de investimentos, aportes em títulos ou dividendos remetidos e recebidos do exterior, a conta financeira.
As saídas se concentram exatamente na conta financeira: foram US$ 89,6 bilhões no período de 12 meses até agosto.
Já a conta comercial tem saldo positivo de US$ 36,2 bilhões nessa comparação. Os números de saída de estrangeiros da Bolsa não consideram a entrada de capital por meio de ofertas públicas de ações, os IPOs.
Investidores
Em uma audiência virtual promovida na terça-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente do BC Arminio Fraga alertou para a piora da imagem do Brasil no exterior.
“Em função da piora concreta das taxas de desmatamento e de sinais abundantes de que prevalece hoje uma certa tolerância com a questão, o Brasil tem merecido uma imagem bastante negativa na cena internacional. O mesmo obscurantismo que nos prejudicou e nos prejudica no combate à pandemia nos afeta também nos temas ambientais”, disse.
Ele ressaltou que qualquer hesitação nessa área “reforça essa percepção negativa que hoje se abate” sobre o Brasil, que corre o risco de se tornar um pária.
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