“Quando temos uma taxa de juros mais baixa, as ações se tornam mais atrativas, levando a esse aumento da procura e diversificação, mesmo que com risco mais alto”
Recentemente a Bolsa de Valores alcançou o recorde de 1 milhão de pessoas físicas cadastradas. Se compararmos com fevereiro de 2018, em que haviam 655 mil, isso significa um crescimento de mais de 52% em pouco mais de um ano. Em paralelo o Ibovespa gira em torno da marca histórica de 100 mil pontos, demonstrando crescimento mesmo em meio ao cenário econômico incerto. Os juros em patamar histórico mais baixos, foram fundamentais para atrair mais investidores e por consequência aumentar o volume de transações. As revisões recentes ainda indicam um direcionamento do COPOM para a redução da taxa básica de juros, atualmente em 6,5%. Mas como esse salto de investidores pode afetar o valor das ações negociadas na Bolsa? Especialistas explicam como o aumento na demanda é capaz de influenciar os valores listados na B3.
Segundo a Sócia-Diretora da FB Wealth, Daniela Casabona, quanto mais CPFs cadastrados, mais tende a valorizar as empresas no mercado. “O aumento do número de investidores na Bolsa pode ser visto como um aumento de demanda, elevando o valor de determinada ação. Quanto mais o volume de compra de uma ação sobe, mais vai puxar esse valor para cima. Como consequência, quanto mais aumenta o valor dos papéis de uma determinada empresa, mais aumenta o valor dela no mercado, ajudando esta empresa a se valorizar. Vale lembrar que muitos dos investidores que vão para a Bolsa não compram somente uma ação de uma só empresa, mas fazem uma diversificação de sua carteira”, explica Casabona. A Sócia-Diretora também explica que não é só a demanda que resulta em uma valorização das ações e sim, um conjunto de fatores. “Por exemplo, o número de investidores pode triplicar, mas se houver outras condições, sendo elas ruins, de nada vai adiantar o aumento. Este salto depende também do cenário político, guerra comercial entre EUA e China, do aquecimento da economia nacional, entre muitos outros pontos que podem fazer a Bolsa se valorizar ou também desvalorizar”, comenta.
Já para Pedro Coelho Afonso, Economista-Chefe da PCA Capital, a queda na taxa de juros foi o principal fator para este aumento no número de investidores. “A partir do momento que temos uma taxa de juros mais baixa, os investimentos de renda variável se tornam mais atrativos, levando a esse aumento da procura pela Bolsa de Valores e a diversificação dos investimentos, mesmo que com risco mais alto”, comenta. Para o Economista-Chefe, o aumento de participantes eleva a competitividade. “O aumento dos investidores individuais, mesmo que eles movimentem um volume menor de transações em relação a grandes companhias e investidores estrangeiros, leva a um aumento da busca por empresas para investir e como consequência aumenta a competitividade, incrementando o valor de marcado dos papéis negociados que trazem maior rentabilidade”, finaliza Pedro.