Alta do petróleo pode não ser tão boa assim para a Petrobras

Perspectivas são boas para a empresa, mas há três variáveis que precisam ser observadas

A Petrobras (PETR3; PETR4) acumula cerca de 7% de alta desde que o conflito na Ucrânia começou, seguindo a forte alta do petróleo – que bateu US$ 114 nesta quarta-feira, a maior cotação desde 2014 – quando os preços também foram impulsionados por uma guerra entre Rússia e Ucrânia. A Rússia é uma grande produtora de petróleo e as sanções econômicas impostas ao país podem ser bastante danosos para o mercado da commodity mundialmente.

Já que a Petrobras tem uma política de preços dolarizada, ela é uma grande “vencedora” do conflito, com a alta do petróleo impulsionando suas receitas e seus lucros, certo? Não necessariamente. “Tem várias variáveis”, explica Rodrigo Fonseca, gestor da Frontier Capital. São três fatores que chamam a atenção para a Petrobras: a dinâmica de preços, o dólar e o governo.

O primeiro é o mais óbvio e que está em mais evidência: o preço da commodity. Aí, existe uma pegadinha. O investidor vê o preço do petróleo explodindo, mas ele não é necessariamente algo que traz ganhos consistentes para a Petrobras. “O petróleo de curto prazo subiu bastante, mas nem tanto o de longo prazo, que afeta mais o valor da empresa”, explica o gestor.

Ao mesmo tempo que o petróleo sobe no exterior, o preço aqui não teve tanta alta justamente pela queda do dólar frente o real no início de 2022. “Você tem um momento favorável de commodities e o real apreciou, então o preço do petróleo em reais não subiu tanto assim, subiu um pouco menos. Teve uma apreciação com esse fluxo para o Brasil”, continua. Como as principais commodities exportadas pelo Brasil – minério de ferro, petróleo, soja – subiram forte de preço, mais dinheiro americano entrou por aqui, o que aumenta a oferta da moeda e derruba o preço.

E se a alta do petróleo for muito expressiva, isso pode mudar a disposição do governo brasileiro (principal acionista da Petrobras e quem determina a política de preços) de manter essa política de preços dolarizada – o litro da gasolina pode bater R$ 10 e isso pode ter um preço político muito caro. “Tem também a questão de repasses do governo. Apesar do petróleo de longo prazo ser o mais relevante para a precificação, é o de curto prazo que testa a capacidade do governo de repassar os preços”, completa.

Uma alta expressiva pode ser negativa, então. “Então se subir muito, pode até ser ruim, vai testar o governo. E se ele mostrar que não vai dar paridade, não vai seguir a risca a regra, tem vários efeitos”, completa. O presidente Bolsonaro já vinha afirmando que estava “pressionando” a Petrobras para “ver a questão do preço da gasolina” – e já se movimentou diversas vezes para baratear o preço do diesel. Lula e Ciro Gomes, que estão em 1º e 2º na pesquisa por “potencial de votos” afirmaram que vão mudar a política se eleitos.

Isso, porém, não tira a visão otimista que Rodrigo possui da estatal, que faz parte do portfólio do fundo gerido por ele. “A gente gosta de Petrobras, tem na carteira, mas os ‘benefícios’ do que está acontecendo são mitigados em parte por serem de curto-prazo e em parte por conta do teste de governo”, completa o gestor. O cliente modalmais pode investir facilmente com a Frontier, basta clicar aqui! E para ficar de olho no seu dinheiro, entre nos nossos grupos de WhatsApp e receba notícias do mercado em tempo real, além de materiais, relatórios e outras informações que vão te ajudar a investir melhor e guardar mais dinheiro.

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