Como ficam as ações da Petrobras com a guerra na Ucrânia?

Ações tiveram forte alta nos Estados Unidos durante o feriado de carnaval; petróleo disparou e bateu US$ 114

As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) estão entre as grandes “vencedoras” com o conflito na Ucrânia. A palavra vencedoras ganha aspas pela tragédia: uma guerra nunca é algo bom, para nenhum dos envolvidos ou impactados. Conforme tanques invadem um país, inocentes morrem, riqueza é destruída e muita gente perde tudo – fora os inúmeros impactos econômicos. E no caso do conflito entre Rússia e Ucrânia, o preço do petróleo disparou.

Com isso, as ações ordinárias sobem 4,12% para R$ 37,87 e as preferenciais tem alta de 3,23% para R$ 35,10, no início da tarde desta quarta-feira de cinzas (2).

O barril Brent, negociado em Londres e tido como uma referência para o mercado, já bateu US$ 113,93, o maior preço em quase 10 anos – desde junho de 2014 os preços não batiam esse patamar. Isso mostra a forte volatilidade do petróleo, que desde setembro daquele ano não ultrapassava os US$ 100. Dois anos atrás, em abril de 2020, chegou a bater a mínima de US$ 15,98 – quase US$ 100 a menos que o patamar atual.

A Rússia é uma grande produtora de petróleo e gás natural, e as sanções econômicas impostas ao país podem diminuir de maneira significativa a oferta da commodity no mercado. Os países da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) não comprometeram com uma alta significativa da produção, o que poderia ajudar a manter os preços – e mesmo se tivessem, vários deles, como a Venezuela, estão tendo problemas significativos para aumentar a produção.

A perspectiva do petróleo, portanto, é continuar subindo – o que impacta as ações da Petrobras. Em 2014, ano de eleição e governo de Dilma Rousseff, uma alta do petróleo era algo ruim para a empresa – a política de preços da Petrobras não contava com o preço internacional da commodity, e altas geravam prejuízo para a companhia, dado que os custos subiam ao passo que a receita ficava praticamente a mesma.

Em 2016, após o impeachment da presidente Dilma, a companhia dolarizou sua política de preços – o que trouxe altas consecutivas para o mercado interno nacional, mas uma grande saúde financeira para a Petrobras, a companhia é bem lucrativa e tem distribuído grandes dividendos para os acionistas – mais de R$ 100 bilhões referentes ao ano de 2021. A política de preços, antes inimiga, virou uma aliada, e a Petrobras teve altas na bolsa de Nova York mesmo com o petróleo em alta.

Em outras palavras, a alta no preço do petróleo em decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia vai resultar em alta de custos, mas que serão repassados para o consumidor de acordo com a atual política de preços da estatal – espere ver o litro de gasolina superar os R$ 10 em breve. O que pode mudar o cenário, porém, são as promessas políticas – os três candidatos na frente da pesquisa já prometeram, em maior ou menor grau, revisar a política de preços. Lula e Ciro Gomes prometem abandonar a política dolarizada. Bolsonaro afirma ter pressionado a Petrobras para ver o preço do combustível cair.

Se a guerra na Ucrânia é “boa” para as ações da Petrobras, o mesmo não pode ser dito para ações da Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4), que estão vendo os preços dos combustíveis de aviação subir sem ter muita margem para repassar para os clientes. Empresas que trabalham com produção agrícola e produção de alimentos, também podem ter uma exposição negativa frente o conflito russo – além da Rússia ser uma importadora de carne brasileira, o país é um grande produtor de fertilizantes, que são importados pelo Brasil em larga escala. O cenário caótico da guerra também traz perigos ao mercado, com as sanções econômicas à Rússia podendo trazer prejuízo para o mundo inteiro – fora o medo de que o conflito escale e se torne uma guerra nuclear entre Otan e Rússia.

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