Especialistas comentam as repercussões com a liberdade do ex-presidente
Após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-presidente Lula (PT) deixou a prisão em Curitiba na última sexta-feira. Em cárcere privado desde abril de 2018, o petista planeja começar a estruturar oposição ao governo atual agora que está em liberdade. Segundo especialistas do mercado financeiro, a soltura do ex-presidente preocupa pela polarização política, mas os principais efeitos devem ser sentidos quando as próximas eleições estiverem mais perto. Além disso, a instabilidade do STF pode indicar insegurança no país, o que pode afastar potenciais investidores estrangeiros. Segundo Daniela Casabona, Sócia-Diretora da FB Wealth, a liberdade do político deve gerar incertezas. “A liberdade de Lula pode trazer grande volatilidade para o mercado uma vez que essa mudança do STF representa uma forte insegurança jurídica. Além disso, a presença do ex-presidente pode resultar em tensão ao governo atual e abalar futuras aprovações que exijam consenso dos partidos”, explica.
Já para Jefferson Laatus, Estrategista-Chefe do Grupo Laatus, o problema não é a soltura de Lula propriamente dita. “Nesse caso, inicialmente o mercado não tende a refletir tanto. Mas quando as próximas eleições chegarem, se existir uma possibilidade real dele conseguir indicar alguém, o mercado deve se estressar mais”, comenta. Laatus acredita que a preocupação do mercado é de risco quanto a continuidade da Operação Lava Jato. “Não há preocupação nenhuma com a descontinuidade de qualquer reforma econômica. Até porque, até as próximas eleições, muitas reformas devem ter sido aprovadas. O que preocupa mais o mercado é a decisão do STF, pois a decisão sobre segunda instância preocupa pelos riscos que ela tem à Lava Jato”, complementa Jefferson Laatus.
Fernando Bergallo, Diretor de Câmbio da FB Capital, lembra que existem outros fatores, além da soltura do ex-presidente, que vem levando a instabilidade dos mercados. “Os negócios já vinham em um embalo muito negativo por conta da questão da cessão onerosa do pré-sal, que teve resultado muito abaixo do esperado. Isso somado a decisão de mudança de entendimento do STF, que independente do mérito de estar correta ou não, gera uma desconfiança do investidor estrangeiro em relação ao futuro do país. Não é à toa que o dólar passou de R$ 4,15 depois de ter atingido a menor cotação dos últimos três meses na última semana”, finaliza.
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