A busca por alternativas à poupança e o medo dos investidores em relação à política econômica do país estão crescendo mais a cada dia. A agressividade do corte de juros fez o mercado financeiro e os investidores reagirem. O dólar tem dado uma trégua, mas ainda estamos no patamar de R$ 5. O BDR tem sido uma opção!
Para mim, não é surpresa. Afinal, como especialista em investimentos no exterior, eu tenho deixado minha carteira super bem estruturada e não deixei de investir em dólar.
Vamos voltar para alguns conceitos básicos de macroeconomia: O que esperar do índice de confiança em relação aos investimentos e economia em um país que, há menos de nove meses, tinha mais presidiários do que seus próprios cidadãos confiantes em investir em seu próprio país?
Muitas oportunidades surgiram desde então. Somamos agora inúmeros influencers financeiros e os brasileiros estão cada vez mais familiarizados com todos os tipos de investimento, correndo atrás de uma renda passiva ou mesmo como forma de guardar e fazer seu suado dinheiro render. Impressionante o trabalho árduo que esses grandes influencers de finanças fizeram, precisamos parabenizá-los. Mas, agora, o jogo virou, e o investidor que já está mais adaptado à nova realidade de renda passiva, quer mais!
Em um cenário que o real foi uma das moedas de pior performance durante a crise dentre os países emergentes, e não sem saber até onde tudo isso vai chegar, vimos o mercado de capitais brasileiro liberar o BDR para investidores comuns, como eu e você!
O mercado foi legal conosco liberando BDRs para todos os investidores?
Na minha opinião, não. Afinal, por que um produto disponível há tanto tempo no mercado para a alta renda precisou ser ampliado para o investidor de varejo? Um dos únicos motivos que encontro é que ele talvez não seria tão bom!
Vamos ao que é BDR:
“BDR (Brazilian Depositary Receipts) é um ativo de ações estrangeiras, como as gigantes americanas Apple, Google, Disney e Amazon, que agora estão disponíveis para negociação pela Bolsa de Valores.”
E por que devo investir no exterior e não em BDR?
Isso se chama risco, Brasil! A situação fiscal se deteriorou ainda mais com a crise, as discussões e divergências políticas são cada vez maiores e mais constantes, e os juros mais baixos não ajudam. Para trazer um marketing em relação ao produto “lançado”, a ideia foi falar sobre o crescimento e ganhos dos BDRs. Mas, o que esqueceram de te passar é que cerca de 40% do ganho foi só pelo câmbio.
E quem te promete que sempre será assim, esqueceu a regra número 1 de finanças e investimentos: “Histórico passado não é garantia de retorno futuro”.
Então, eu friso aqui: Em uma análise realizada no início da crise, já era possível observar que os fundos de investimento com mais de 20% de ativos alocados no exterior tinham sofrido um menor impacto e aqueles com 40%, foram os que melhor performaram.
Com isso, veio a crescente demanda de fundos de investimentos com cotas no exterior, desde o investidor do varejo até o mais qualificado (cá entre nós, já tinha esse produto disponível).
A pegadinha da moda do dólar!
Mesmo a moda “pegando” o desavisado, a maior parte da performance foi por conta da desvalorização do real, aqueles fundos sem hedge. E, se você apostar nessa querendo os mesmos ganhos, acredito que esteja indo pelo caminho errado.
Dólar é proteção contra oscilações e viés político que atrapalha a eficiência da nossa economia e investimentos. Somos instáveis, não importa se o governo vigente for direita ou esquerda. A crise política do Brasil existe antes mesmo dos influencers surgirem na internet.
Estude e entenda a importância de proteger seu patrimônio, assim como você protege a família. Warren Buffet já disse: Never Bet Against America; Nothing Can Stop This Nation!
Repense! Diversifique!
- Bruna Allemann é especialista em finanças e investimentos, atua há mais de 12 anos no mercado, sobretudo com clientes de alta renda.
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