Vale (VALE3) tem produção factível com meta e vê preço do minério insustentável

A mineradora Vale (VALE3) já tem produzido minério de ferro a um ritmo de 1 milhão de toneladas por dia, o que deve ser suficiente para que a empresa atinja faixa inferior da meta para 2020, disse analistas do Credit Suisse em relatório após conferência com a companhia em Nova York.

Segundo a Reuters, executivos da empresa também apontaram expectativas de que a joint venture Samarco, parceria com a BHP, pode retomar atividades ainda neste ano, o que possibilitaria à unidade alcançar nível de produção entre 7 milhões e 8 milhões de toneladas ao ano em 2021, segundo relatório com data de domingo.

Vale (VALE3): lucro líquido de US$ 995 mi no 2º tri e política de dividendos

VALE3: a mineradora

A mineradora pretende produzir entre 310 e 330 milhões de toneladas de minério de ferro em 2020, com um número mais provavelmente “na extremidade inferior” da projeção, mas analistas vinham lançando dúvidas sobre a viabilidade dos planos devido ao desempenho da empresa na primeira metade do ano.

“Embora a Vale acredite que sua projeção é alcançável e estejam confiantes de que irá produzir perto de 310 mt, suas vendas podem vir um pouco abaixo de 300 mt para o ano, uma vez que eles precisam recompor estoques”, escreveu a equipe do Credit Suisse.

VALE3: produção do 3TRI

O nível de produção no terceiro trimestre deve ficar próximo de 90 milhões de toneladas, enquanto a previsão para os últimos três meses do ano é ainda maior, dado o retorno esperado de funcionamento em Serra Leste, no Sistema Norte, forneceraram os analistas do banco.

Segundo eles, a Vale também apontou expectativas de reinício ainda neste ano das operações da Samarco, paralisadas desde o rompimento de uma barragem da empresa em 2015 que foi considerada o maior desastre ambiental da história do Brasil.

Em Timbopeba, A Vale espera retomar a capacidade total de produção (12 milhões de toneladas por ano, contra 4 milhões atualmente) entre março e abril de 2021.

Já em Brucutu, a maior mina da empresa em Minas Gerais, a construção de uma barragem que possibilitaria à mina operar com sua capacidade total deve ser concluída entre o primeiro e o segundo trimestre de 2021. A unidade, com 30 milhões de toneladas anuais em capacidade, pode funcionar atualmente com 40% disso.

O complexo de Fábrica deve retomar o segundo trimestre de 2021, disseram os analistas.

Em Vargem Grande, uma retomada total de processamento de processamento a seco depende da conclusão de uma barragem que deve estar pronta no segundo trimestre de 2021.

VALE3: dividendos

Os analistas também disseram que os executivos do Vale comentaram que a retomada da política de dividendos, que estava suspensa desde o rompimento da barragem da empresa em Brumadinho (MG) em janeiro passado, deve-se à visão de que uma companhia já realizou volume “substancial de reparações pelo desastre e ganhou assim o direito de distribuir recursos aos acionistas”.

A companhia acredita que nada muda em relação à reimposição dos dividendos, apesar de pedidos recentes do Ministério Público.

Procuradores do Ministério Público Federal pediram à Justiça recentemente uma intervenção legal na Vale para afastar executivos responsáveis ​​pela política de segurança da companhia e para suspensão da política de dividendos. O pleito foi rejeitado na semana passada.

Minério de ferro

A administração da Vale acredita que o minério de ferro não se mantém por muito tempo no atual patamar de preços, de cerca de 130 dólares por tonelada, segundo o relatório do crédito.

A commodity tem se mantida firme na China apesar da pandemia global de coronavírus devido a expectativas de demanda robusta no país pelo material usado na fabricação do aço.

“A Vale acredita que as condições de demanda por minério de ferro na China estão bem saudáveis ​​agora e enquanto isso começa a ver alguns sinais de melhora em outras regiões do mundo também (incluindo Europa e Japão) … no entanto, a visão da companhia é de que os atuais preços do minério de ferro são insustentáveis​​”, escrever os analistas.

A pressão sobre as cotações deve vir com o próprio aumento dos ambientes do Vale ao mercado chinês mais para o final do ano, de acordo com as expectativas dos gestores da empresa.

“Apesar possível dessa pressão à frente, eles acreditam que levará algum tempo para que os preços voltem a entre 60 e 80 dólares”, o que dependeria em grande parte da própria volta da Vale à sua capacidade de produção de 400 milhões de toneladas, esperada para entre 2022 e 2023.

Mas, mesmo com preços do minério na casa de 81 dólares por tonelada, a Vale poderia pagar aos acionistas “dividend yield” de ao menos 6% em 2021, calculam os profissionais do Credit.

Ferroligas de manganês na Bahia

A Vale encerrará a operação de ferroligas de manganês da planta da Vale Manganês localizada na cidade de Simões Filho (BA).

A previsão é que o processo de desmobilização da unidade seja concluído até o final do ano, acrescentou a companhia em nota.

“A Vale Manganês tentou todas as alternativas viáveis, ao longo dos últimos dez anos, para manter uma operação autossustentável e competitiva no mercado”, explicou.

A empresa disse que adotará as medidas que levam ao seu alcance para eliminar os impactos da desmobilização.

“Várias ações estão em discussão, entre elas: uma negociação de um programa de desligamento voluntário, extensão da assistência médica para funcionários e seus dependentes, apoio em processo de recolocação no mercado de trabalho e mapeamento de vagas para possível transferência de trabalhadores para outras operações da Vale.”

Veja VALE3 na Bolsa:

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