Em 2020, a Bolsa teve o maior número de IPOs desde o ano de 2007, mesmo em meio à crise com o novo coronavírus. Foram R$ 117 bilhões em ofertas iniciais de ações na bolsa brasileira e 28 IPOs entre janeiro e dezembro do último ano, o que totaliza o maior número de ofertas em 18 anos.
Em 2007, foram 64 IPOs, que juntos levantaram R$ 55 bilhões. E, para 2021, o cenário é de otimismo, já que o mercado está com a expectativa em uma recuperação econômica global e mais de 40 empresas já aguardam o registro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para estrear na bolsa.
IPOs: governança e transparência
Para João Beck, economista e sócio da BRA Investimentos, ao aderir às práticas de governança e transparência, empresas perceberam que poderiam captar dinheiro na bolsa de valores. “As pessoas buscam motivos macroeconômicos para justificar o avanço nas ofertas.
Eles existem, mas a revolução ocorreu de dentro para fora. É uma mudança de paradigma que antes estava restrito ao BNDES, outros bancos públicos e também privados”, afirma o especialista.
Além disso, segundo Beck, a B3 está se tornando uma opção viável de captação para empresas menores, dividindo este espaço que antigamente era ocupado por fundos de venture capital. “Convencer um público mais diverso e heterogêneo pode ser mais fácil do que meia dúzia de banqueiros. Conforme a evolução do mercado, fica mais fácil empresas menores abrirem capital. É possível vermos o dobro de empresas na bolsa neste ano em relação ao ano anterior. Com boas experiências para compartilhar de empresas que já abraçaram a ideia do capital aberto, outras seguirão”, diz.
Acesso a setores mais modernos
De acordo com o economista, o IPO traz ainda a vantagem de o investidor ter acesso a empresas de setores mais modernos da economia e equipes de gestão mais jovens e atualizadas. “É fundamental que o país promova um bom acesso dessas empresas para que a bolsa do país reflita a economia atual e não a de décadas passadas. Chama atenção a variedade de setores representados nas novas aberturas de capital”, comenta Beck.
Para ele, o cenário incerto de pandemia não deve influenciar ou desanimar empresas a abrirem IPOs. “Como a revolução é na esfera micro, de dentro das empresas, os IPOs não dependerão tanto do ciclo econômico. Quando tivemos um boom de IPOs em 2007, 90% do dinheiro vinha de fora do Brasil. Isso mudou em 2020. E mesmo com as comemorações do número de CPFs na bolsa que ultrapassou os três milhões, quem dominou a demanda de IPOs foram os investidores institucionais brasileiros, os grandes fundos de investimentos”, afirma.
2021
Neste ano, é possível, segundo João, que o mercado tenha novidades sobre as “super ONs”, que permite maior poder de voto a controladores mesmo com pequena participação acionária. “Essa ferramenta só está disponível nas bolsas americanas o que levou algumas empresas a ‘exportarem’ seu IPO e deixar um gosto amargo na nossa bolsa. A B3 trabalha em conjunto com a CVM para implementar as ‘super ONs’ que também é assunto delicado e não tem só vantagens. A previsão de vermos evoluções nesse tema é ainda este ano”, completa.
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