Preste atenção nisso. A parte emocional é tão ou mais importante do que a parte técnica quando falamos de investimentos.
Todos nós, ao longo da vida, através de referências, criamos o hábito de responder à determinada situação com o mesmo comportamento.
O processo de mudar tal comportamento impõe também adquirir novas referências e conceitos.
Renda Variável
Toda vez que precisamos tomar uma rápida decisão, como, por exemplo, atravessar uma rua, usamos atalhos mentais, ou seja, fazemos uma análise parcial e rápida nos baseando naquilo que já vivemos.
Por exemplo, para atravessar uma rua, olhamos se vem carro e se o semáforo está aberto ou fechado.
Não paramos e analisamos se vem um carro na contramão, ou se um objeto está caindo do céu.
Esse comportamento tem um nome: heurística, que nada mais é do que um atalho mental para solucionar questões. O primeiro passo para conseguir resolver qualquer problema é saber que ele existe. Preste atenção que você verá que a nossa mente nos trapaceia por diversas vezes quando estamos investindo.
Por isso, listei 5 gatilhos mentais que já enganaram muitos investidores ou podem enganar futuramente na hora de investir.
- 1) Viés de confirmação
Em função de querer muito que algo seja exatamente como imagina, o investidor pode buscar notícias e informações que irão trazer conforto emocional. Vamos supor que você comprou ingresso para um show que queria muito.
Mas a previsão é de chuva e você já está com o ingresso. A partir disso, você começa a olhar mais de um site de previsão do tempo e se ancora naquele que diz que é 90% de chances de que chova, mas não é 100%.
Outro exemplo. Você está se apaixonando por uma pessoa sem caráter e você sabe disso. Mas você sempre irá procurar saber informações daquela pessoa com outras que dirão o que você quer ouvir. Isso é viés de confirmação.
Ou seja, quando queremos tanto que uma coisa dê certo, buscamos apenas informações que nos trazem conforto emocional. É quando o investidor quer tanto que a ação suba, e que vá na direção de exata para estar sempre se valorizando, que ignora o risco porque aquilo causa desconforto.
Nas notícias positivas ele coloca uma lente de aumento. As negativas ele desconsidera, porque provavelmente estão erradas. Puro viés de confirmação. Podemos ver muito esta atitude nas ações da OI (OIBR3) e IRB (IRBR3), por exemplo.
- 2) Ancoragem
O hábito de se ancorar em uma única informação para tomada de decisão não irá te deixar crescer. Por exemplo, nas primeiras Black Fridays, muitas empresas venderam pela metade do dobro, ou seja, dobraram o valor dos produtos e depois ofereceram desconto de 50%, quebrando o objetivo da data, que é trazer descontos consideráveis em cima dos produtos.
O comprador, com o espírito de fazer um bom negócio, acabou pagando o mesmo valor de antes, pois se ancorou no fato de que era Black Friday e o anúncio dizia 50% de desconto. Não pesquisou, não se informou. Acontece a mesma coisa nos investimentos.
- Leia no e-Investidor.
O investidor se ancora no fato de que muitas pessoas estão falando de uma ação, que um CDB paga 1% ao mês ou que determinado fundo teve uma grande rentabilidade no ano passado. Pega uma única informação para a tomada de decisão e deixa de avaliar o todo.
- 3) Falácia de Monte Carlo
Quando você acredita que a sorte está sempre do seu lado, você perde. Na verdade, no cassino, quase sempre você perde. Por exemplo, quando jogamos uma moeda para cima, a chance de dar cara ou coroa é de 50%.
Se você jogar a moeda 8 vezes e as 8 der cara, você acredita que na 9ª vez provavelmente irá dar coroa. Mas isso não muda. A chance será sempre de 50%. Isso também acontece com as ações. O investimento em renda variável pode multiplicar uma vez, mas isso não garante a segunda, nem a terceira.
Investidores que praticam a falácia de Monte Carlo acreditam que a sorte está sempre do seu lado. E como podemos concluir, não é assim que funciona no mercado financeiro. Isso acontece muito quando um investidor investe em algo de alto risco, se valoriza e ele acredita ser um grande gênio que enxerga além dos outros.
Ele continua tentando a sorte muitas vezes, como se suas chances aumentassem porque ele conseguiu acertar. Ações de companhias aéreas são um bom exemplo. Muitos dispensaram da análise de risco o fato de que algumas companhias poderiam quebrar e os papéis virarem pó e se acham grandes investidores pela rentabilidade que tiveram.
- 4) Viés de Otimismo
Governo de esquerda e direita são os melhores exemplos. Quando o Lula (PT) ganhou, todos acreditaram que teríamos um novo Brasil. Com muito mais dinheiro circulando. E realmente teve, mas por causa do superciclo das commodites, que atingiram sua máxima histórica. E o Brasil, majoritariamente, é um país produtor e exportador de commodities.
Agora, quando o Bolsonaro ganhou, a direita tinha certeza de que teríamos um novo país do ponto de vista econômico, e até poderia ter, mas veio o novo coronavírus (covid-19) e atrapalhou.
O comportamento de ser sempre otimista pode ocultar os riscos que um investimento apresenta. Com isso, acreditando em um novo Brasil, muitos pessoas que não tinham perfil emocional para estarem com grande parte do patrimônio na renda variável, se desesperaram quando viram as ações caírem num precipício.
- 5) Viés de Status Quo
Aqui vamos falar do perfil de investidor acomodado. Em nossas vidas, sempre tendemos manter as coisas como elas são, simplesmente porque isso nos entrega uma segurança emocional. Por exemplo, na vida pessoal, a pessoa está num relacionamento abusivo e permanece nele, afinal, mudar pode ser ainda pior, tendo que lidar com a dor da perda.
A sensação emocional de perder dinheiro, mesmo que seja momentânea, também é muito ruim. O investidor se sente incapaz, impotente.
No viés de Status Quo, o investidor não faz mudanças independentemente do que aconteça. O dinheiro permanece na poupança, porque não há risco. Ou ainda a pessoa fica agarrada a uma ação porque não quer admitir que cometeu um erro e precisa se livrar dela.
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