A queda da Selic é positiva e contribui para o crédito. A leitura é da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, de reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual. A expectativa é de que sejam realizados novos cortes nas próximas reuniões, à medida que o cenário de controle da inflação continue.
Na avaliação do presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, a decisão do Banco Central evita prejuízos adicionais para o mercado de crédito e para a atividade econômica. “É preciso reverter o quadro negativo de concessão de crédito às empresas. Nos primeiros sete meses do ano, o crédito recuou 5%, na comparação com o mesmo período do ano passado”, explica Andrade.
Além disso, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) nos dois primeiros trimestres de 2023 indicam desaceleração da economia, com crescimentos de 0,9% no primeiro trimestre e de 0,6% no segundo. A produção industrial de bens de capital caiu 16,9% em julho de 2023 na comparação com julho de 2022 e, na mesma base de comparação, a produção de bens de consumo caiu 0,7%, o que coloca em dúvida a manutenção do ritmo de crescimento da atividade econômica nos próximos meses.
Entenda por que a redução dos juros é uma decisão acertada
Desde fevereiro de 2022, a política monetária encontra-se em nível suficiente para desaquecer a atividade econômica e, assim, controlar a inflação. No início do ano, o IPCA estava 5,77%, no acumulado em 12 meses, e desacelerou para 4,16%, em agosto, também no acumulado de 12 meses.
Os preços de Alimentos, que pressionaram bastante a inflação em 2021 e 2022, estão com variação negativa de 0,62%, no acumulado em 12 meses até agosto. Outro aspecto favorável na dinâmica atual da inflação são os preços de Serviços, que começaram a desacelerar. A alta dos preços, que estava em 7,58% no acumulado em 12 meses até janeiro, passou para 5,43% no acumulado em 12 meses até agosto.
As expectativas de inflação também apontam para um cenário mais favorável, sobretudo para 2024 e 2025, conforme indica o Relatório Focus, do Banco Central. Para 2024, a inflação esperada está em 3,86%, enquanto para 2025 está em 3,50%.
Mesmo com a redução na Selic realizada em agosto, a taxa de juros real – que desconsidera os efeitos da inflação – está em 8,8% ao ano. São 4,3 pontos percentuais acima da taxa de juros neutra – aquela que não estimula nem desestimula a atividade econômica. Isso deixa claro que a Selic ainda estava em patamar excessivo para o cenário de inflação corrente, assim como para a perspectiva de inflação futura.
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