A confiança da indústria no Brasil deve registrar seu maior patamar em mais de dez anos em novembro, mostrou uma sondagem da Fundação Getulio Vargas nesta segunda-feira (23), refletindo o avanço na percepção sobre o momento atual do setor.
A prévia da Sondagem da Indústria de novembro sinaliza alta de 1,6 ponto no Índice de Confiança da Indústria (ICI) em relação a outubro, a 112,8 pontos, o que representaria o maior valor do índice desde outubro de 2010 (113,6 pontos).
FGV: sétimo salto mensal
Caso se confirme, a leitura também marcará o sétimo salto mensal consecutivo do indicador, mantendo uma tendência de recuperação iniciada em maio devido à flexibilização de restrições econômicas relacionadas à Covid-19.
Em nota, a FGV disse que a “alta do resultado prévio da confiança é consequência de movimentos opostos entre as avaliações sobre o momento presente e as expectativas para os próximos meses”.
O Índice de Situação Atual deve ganhar 4,4 pontos, a 118,1 pontos, seu maior valor desde dezembro de 2007 (118,9 pontos), enquanto a prévia indica que o Índice de Expectativas recuará 1,2 ponto, a 107,4 pontos.
Matéria Prima
A escassez de matéria-prima em vários segmentos e a alta de preços são atualmente os fatores principais que limitam a expansão da produção industrial no País. Pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) indica que, em outubro, a falta de insumo atingiu os maiores níveis desde 2001 em 14 dos 19 segmentos da indústria. Segundo a sondagem, o setor de vestuário é o que mais sente os efeitos da falta de insumos e componentes, reportada por 74,7% das empresas.
Empresas já reduziram o ritmo de atividade por falta de matéria-prima, e quem consegue produzir não pode distribuir o produto por falta de embalagens de papelão, plástico e vidros, hoje o maior problema relatado por empresas e entidades de classe. A escassez, somada ao câmbio desvalorizado, resulta em alta de preços.
A interrupção da produção no pico da pandemia de coronavírus e a volta ao consumo mais forte do que o esperado surgiu como empresas com baixos estoques e demanda crescente, em parte por causa do auxílio emergencial pago pelo governo. Com isso, há um descolamento entre fabricantes de matérias-primas – que não conseguem atender à demanda -, de produtos finais e varejo. O temor é que, com a crise sem precedentes, falte produto no mercado justamente num momento de alta demanda, com a Black Friday e o Natal.
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