Sem demonstrar aumento significativo em relação ao mês anterior, a Pnad Contínua Mensal, que será divulgada amanhã (30), deve apresentar um resultado entre 13,50% e 13,70%, de acordo com análise da professora da Fipecafi, Luciana Machado.
É esperado que com a flexibilização das medidas de isolamento social a taxa de desocupação comece a estabilizar.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio é feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Flexibilização
No último mês foi possível observar mais flexibilização em relação a abertura dos estabelecimentos comerciais, o que pode gerar impacto no resultado da Pnad.
“Com a flexibilização das medidas de isolamento social, alguns setores, antes paralisados, tendem a retomar gradativamente as suas atividades. Isso afeta negativamente a taxa de desocupação. Uma vez voltando a funcionar, voltam também a empregar. Ainda é cedo para se enxergar melhoras substanciais no indicador, mas é esperado que o efeito ao menos atenue o aumento da taxa de desocupação, mantendo o indicador estável”, explicou.
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Trimestre
O país está prestes a entrar no último trimestre do ano, que normalmente apresenta um bom resultado no que diz respeito a abertura de postos de trabalho, porém, o cenário deste ano deve ser diferente.
“O último trimestre do ano será mais sensível à flexibilização das medidas de isolamento, pois as atividades estão retomando agora. Deve-se aumentar os postos de trabalho e a taxa de desocupação deve começar a cair, mas a retomada aos patamares do ano anterior ainda vai demorar. E economia precisará de tempo para se recuperar”, destacou.
Setores
A especialista ressalta quais setores foram mais impactados e quais devem apresentar melhora. “Os setores que mais sofreram foram o de serviços domésticos e alojamento e alimentação – intensamente afetados pelas medidas de isolamento social. Os demais também sofreram por conta da crise econômica e redução de atividades, mas não tão intensamente. Flexibilizando-se algumas medidas de isolamento social, deve-se gradativamente observar uma melhora nestes setores, especialmente o de alojamento e alimentação. Devemos ter crescimento na ocupação da força de trabalho nos setores de alojamento e alimentação; serviços domésticos; indústria geral; construção; transporte, armazenagem e correio; comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas. Os demais devem manter-se estáveis”, apontou.
Em meio a um cenário de incertezas, em que diversos setores sofreram com a crise econômica causada pela pandemia, a retomada da geração de empregos com carteira assinada deve ser lenta.
“O crescimento no número de empregados com carteira assinada, em relação ao período de crise, pode começar ao final do ano/ início de 2021. Mas não podemos dizer que o aumento será uma retomada a patamares próximos ao do início do ano, pré-pandemia. Vale reforçar que o cenário é muito incerto. Pouco se sabe sobre como a economia reagirá – e com qual intensidade – frente às flexibilizações de isolamento. Muitos setores sofreram, muitas micro e pequenas empresas reduziram consideravelmente o quadro de colaboradores na tentativa de manter algum equilíbrio financeiro e inúmeras outras fecharam. A retomada da economia e dos empregos deve demorar”, finalizou a professora da Fipecafi.
Fipecafi
A Fipecafi foi fundada em 1974 por professores do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) e atua desde então como órgão de apoio institucional ao departamento.
Dentre seus principais objetivos estão: a missão de desenvolver e promover a divulgação de conhecimentos da área contábil, financeira e atuarial, organizar cursos, seminários, simpósios e conferências, prestar serviços de assessoria e consultoria e realizar pesquisas, atendendo entidades dos setores público e privado. Mais informações: https://fipecafi.org/.