Depois de uma crise pesada no setor imobiliário americano, veio uma crise nos países periféricos da União Europeia. Em sequência, o Brasil abraçou a maior recessão de sua história e, quando acreditamos que não pode piorar, uma pandemia global vem, bagunça a economia, mata mais de 600 mil brasileiros e deixa tudo complicado. Quando vemos a luz no final do túnel, vem uma guerra entre Rússia e Ucrânia, com fortes implicações no mercado mundial, principalmente entre as commodities.
De crise em crise, a economia global tem operado com juros baixos e estímulos fiscais fortíssimos por muito tempo. A guerra agora traz para o mundo uma velha conhecida brasileira: a inflação. “A invasão da Ucrânia e a reação dos países ocidentais provocaram importante choque no mundo”, alerta a Occam Capital em carta dos gestores enviada ao mercado.
“Por um lado, a intensidade e união dos países com relação às sanções sugerem que a economia russa deverá sofrer dramática queda, o que poderá reverberar na economia mundial, sobretudo europeia. Por outro, setores produtores de commodities estão tendo sua produção e circulação restringidas, levando à forte elevação dos seus preços em geral. Dessa forma, cresce a possibilidade de um quadro de estagflação”, completa a gestora. Esse quadro, afirma a gestora, torna difícil a condução da política monetária e a guerra faz com que os países revejam seus gastos: maiores investimentos em defesa, energia e autossuficiência. Se a crise não for solucionada, não há como retomar o crescimento da economia mundial.
Por aqui, o efeito também é drástico: devem faltar fertilizantes no mercado – afinal, a Rússia é uma das maiores produtoras e o Brasil vem vendendo sua capacidade de produzir -, o que diminui a produtividade do setor agrícola, prejudica o crescimento da economia brasileira e traz risco para a oferta global de alimentos e energia, que é mais um risco para a inflação.
“Este novo risco se soma à continuidade de uma inflação disseminada e resiliente, ao início de novo processo de desancoragem de expectativas, à aproximação do início de ajuste monetário americano, às nossas eleições em outubro e aos sinais negativos sobre a consolidação fiscal de médio prazo”, diz a gestora. Com isso, a convergência para o centro das metas se torna mais difícil e pode fazer o Banco Central alongar o processo de aperto monetário, que estava previsto para acabar em breve, na opinião da gestora.
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