Na próxima semana, um dos principais eventos que ficarão no radar do mercado é a reunião do COPOM e a decisão em torno da taxa de juros básica da economia, a SELIC. Desde 2015 o conselho de política monetária não aplica medidas de endurecimento da política monetária, tendo em vista o cenário que se configurou favorável para a redução dos juros, tendo em vista a necessidade de estimular a economia o com o processo de queda na inflação, ao passo que a partir do governo de Michel Temer a percepção de risco em relação ao país diminuiu, contribuindo para redução do prêmio.
O afrouxamento monetário teve nova rodada e, mais abrupta no ano passado, devido ao avanço da COVID-19 fazendo com que os governos tomassem medidas de restrição social gerando fortes impactos na economia. Assim, ano que começou com a Selic em 4,5%, fechou o ano em 2,00%, uma das taxas mais baixas da série histórica:
Na última reunião, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se mostrou preocupado com o cenário fiscal do país. O andamento das reformas e os ruídos políticos contribuíram para que a taxa os DI’s futuros subissem devido ao aumento do prêmio em relação ao Brasil, haja vista que o risco foi se elevando, fazendo com que a autoridade monetária tirasse o foward guidence para fazer a política monetária.
Desde então, o Brasil passou por um período turbulento fazendo com que mais variáveis influenciassem as expectativas em relação à política monetária. Os ruídos na política devido as sinalizações de intervenção em companhias públicas com foi o caso do Banco do Brasil e Petrobras, fez com que o mercado ficasse incomodado com a possibilidade da agenda liberal ser ofuscada, com o governo cedendo ao populismo para fins eleitorais em 2022, adicionalmente, o fato de Lula se tornar elegível devido à decisão do ministro do STF Edson Fachin deu estimulo adicional para o temor ao populismo.
A inflação também é um fator que contribui para o cenário adverso. A inflação de 12 meses chegou a 5,20% em 12 meses e foi de 0,86% em fevereiro, refletindo os preços dos combustíveis que recebem o impacto do ciclo das commodities e da desvalorização do real frente ao dólar e dos ajustes em educação. No entanto, preços de outras commodities também influenciaram fortemente o índice, principalmente no que diz aos alimentos, também contribui para o aumento na variação dos preços.
Assim, tanto a inflação quanto os riscos fiscais, acabam por contribuir para que a perspectiva seja de elevação da Selic. Contudo, as altas nos juros tendem a ocorrer de forma gradual. A expectativa de crescimento negativo nos dois primeiros trimestres desse ano em meio ao avanço da COVID-19 e dos fechamentos de importantes cidades, faz com que o hiato do produto continue elevado, colocando uma restrição para uma alta mais abrupta. Outro fator que dá espaço para que elevação mais gradual da taxa de juros, em torno de +0,25 p.p e +0,50 p.p, é a aprovação da PEC fiscal e do auxílio emergencial com gatilhos que impedem a corrosão do teto de gastos.
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