QUEDA DA SELIC – ESPECIALISTAS COMENTAM REDUÇÃO DE 6,5% PARA 6%

O Banco Central decidiu reduzir de 6,5% para 6% a taxa básica de juros. A Selic tinha se mantido em 6,5% nas últimas 10 reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), desde março de 2018.

5 especialistas do mercado financeiro comentam os impactos da redução da taxa básica de juros

O Banco Central decidiu reduzir de 6,5% para 6% a taxa básica de juros. A Selic tinha se mantido em 6,5% nas últimas 10 reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), desde março de 2018. Entre os principais fatores que possibilitaram essa redução estão a baixa inflação e o cenário de retomada econômica. Especialistas do mercado financeiro já previam uma sequência de cortes nos juros brasileiros, embora a maioria acreditasse em uma transição mais suave, com reduções de 0,25%. A decisão acontece no mesmo dia em que o FED decidiu reduzir a taxa de juros americana em 0,25%, pela primeira vez desde a crise de 2008.

Nova Futura Investimentos:

André Alírio, Economista e Operador de Renda Fixa da Nova Futura Investimentos, explicou como funcionam os ciclos de redução da taxa de juros. “O ideal no início de um ciclo de redução da taxa de juros seria 0,25%. Mas o Banco Central precisava dar uma resposta a 3 fatores na nossa economia. Os fatores em combinação são a atividade econômica fraca, um cenário positivo externo com reduções das taxas de juros, e a inflação baixa.  A grande questão é como vai se dar esse ritmo do ciclo de redução. O mercado coloca como projeção a redução de mais 1% ou 1,5% da taxa Selic até a sua estabilização, ou seja, serão mais duas ou três reduções de 0,5% nas próximas reuniões”, comenta. O Operador de Renda Fixa acredita que essa redução acima do padrão para o início de ciclo abre espaço para possibilidades, como por exemplo a redução de 0,75% em uma próxima reunião, o que seria uma medida arriscada, por deixar pouco espaço para manobras.

FB Wealth:

Segundo Daniela Casabona, Assessora Financeira e Sócia-Diretora da FB Wealth, o corte estimula a economia, mas também desvaloriza os ativos de renda fixa, o que faz com que uma parte dos investidores precise buscar outras alternativas de rentabilidade. “O novo corte da taxa de juros traz um animo na atividade econômica do país, a redução, que tem o menor patamar histórico, pode trazer mais credibilidade ao Brasil, mas por outro lado faz com que alguns ativos fiquem menos interessantes para investidores”, analisa Casabona.

Grupo Laatus:

Para Jefferson Laatus, Estrategista-Chefe do Grupo Laatus, o ciclo de continuidade do corte seguirá acompanhando a retomada econômica na medida que são percebidos sinais de avanço. “O Copom achou interessante o corte de juros, pois, segundo indicadores analisados, é possível ver uma retomada gradual da economia e acredita-se que esteja no momento de um estímulo, através dos cortes de juros. Tanto é que ele deixou em aberto a porta para próximos cortes se tudo ocorrer bem, tanto com os emergentes no cenário externo quanto com a Reforma da Previdência, no interno”, explica. Para Laatus, os cortes seguem também uma tendência internacional. “O corte também segue de certa forma bancos centrais mundiais, como o FED, que ontem acabou cortando os juros em 0,25%, apesar do mercado estar querendo um corte maior, de 0,5% também no exterior. A dúvida é se esse ciclo de cortes vai continuar lá fora. No Brasil, Campos Neto deixou a porta aberta para a continuidade nos cortes da Selic se a economia continuar mostrando sinais de evolução”, comenta o Estrategista-Chefe.

PCA Capital:

De acordo com Pedro Coelho Afonso, Economista-Chefe de PCA Capital, o Copom demorou um pouco para começar a política de cortes por estar aguardando sinalizações de ajustes econômicos necessários para que o estímulo fosse benéfico, como por exemplo as reformas que estão em tramitação. “O Copom segurou os cortes na taxa de juros, mesmo com a inflação controlada e com a economia dando sinais de estagnação, o que pode se refletir no decidido na reunião de ontem. Agora, sinaliza-se que os cortes continuarão na medida que os indicadores econômicos responderem aos estímulos”, explica Pedro Afonso.

FB Capital:

Já Fernando Bergallo, Diretor de Câmbio da FB Capital, acha uma medida importante para a indústria. Além disso, destaca também a política econômica do FED, menos agressiva do que a do Copom e que resultou no aumento do valor da moeda americana aqui no país. “Essa redução veio de acordo com o que o mercado já esperava. Deve ser um início do novo ciclo de corte de juros, o que para a economia no geral acaba sendo positivo, e para o consumidor final acaba não tendo muita relação, os juros não caem acompanhando a Selic, a taxa na verdade impacta contratos interbancários e outras questões que não impactam tanto no varejo. Acho importante destacar que ontem tivemos os dois comitês, do Banco Central americano e brasileiro, ambos cortando juros. E em relação aos Estados Unidos, temos um corte menos drástico, o que surpreendeu alguns investidores e também resultou na subida do câmbio, por conta também desse diferencial nas políticas” finaliza Bergallo.

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