Os melhores investimentos de 2021 serão os mesmos de 2020?

Fabrizio Gueratto é financista, colunista e youtuber. Escreve neste espaço regularmente

É comum me perguntarem quais os melhores investimentos de todos, que excluiriam a necessidade de aplicar em qualquer outro. E a resposta é simples: não há. A cada ano o ciclo de ativos se renova e os papéis se reordenam com base nas altas e baixas do período.

Quando se trata de investimentos, há muitos que preferem acreditar nas mentiras e tentar lucrar com uma grande tacada. Entre um e outro acerto, as perdas se acumulam, assim como o desespero. Isso nada mais é do que o efeito da falta de estratégia.

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Investimentos

Nenhum investimento vale a perda do meu sono tranquilo. Por isso, diversifico meu portfólio para ter certeza de que estarei seguro, independente da surpresa desagradável. Esse é o modo mais certeiro de investir: analisar os ativos com calma e montar uma carteira que suporte o caos, ainda que uma parte se beneficie dele.

Se em 2019 o melhor investimento foi em Small Caps, o ano de 2020 serviu para ensinar que nem sempre o mercado age de acordo com as expectativas. No ano passado, após a queda acentuada da B3 (B3SA3) em março e abril, as chances de recuperação ainda no mesmo ano eram mínimas.

Ibovespa

Contrariando analistas, o Ibovespa recuperou os números pré-pandêmicos e surpreendeu a todos. Após as reviravoltas, confira como os investimentos se comportaram em um dos anos mais atípicos do século. Os números revelam algo nítido.

A cada ano, um determinado investimento dispara frente aos demais. Acertar qual será o grande ativo do próximo ano é a grande missão. Porém, impossível. Desista desta loucura. Seu maior ativo é o tempo e quando você gasta o seu de forma improdutiva está desperdiçando o que lhe ajudaria a ganhar mais dinheiro. Veja abaixo os números improváveis de 2020 após o caos.

  • 11. IFIX (Variação de -10,23%)

Os Fundos de Investimentos Imobiliários (FII) foram fortemente atingidos pela chegada da pandemia. Os imóveis apresentaram altos níveis de vacância, enquanto os locatários tentaram renegociar prazos e abrandar o valor dos aluguéis. Os fundos menos afetados foram os de galpões logísticos e lajes corporativas, que serviram de espaço para os estoques cada vez mais amplos impulsionados pela evolução do e-commerce.

  • 10. Small Caps (Variação de -3,4%)

Apesar de ter sido o melhor investimento de 2019, o índice SMLL, da B3 (B3SA3), acusou a estagnação momentânea das Small Caps. A retração, porém, não minguou o número de IPOs, que foi o maior a ser registrado desde 2007. Enquanto algumas das 28 empresas registradas tiveram queda acentuada desde a oferta inicial, outras permanecem em ascensão, tal como a tecnológica Locaweb.

  • 9. CDI (Variação de +2,8%)

Dizimado pela baixa da taxa Selic, que se manteve em torno de 2,5% a.a., o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) apresentou uma ligeira alta. Se antes os investimentos que se baseavam no CDI eram boas opções de renda fixa rentável, este não é mais o caso. Por conta da retração, mais de 1 milhão de pessoas físicas migraram para a B3, que viu seus investidores crescerem exponencialmente.

  • 8. Ibovespa (Variação de +2,9%)

Quem presenciou a série de circuit breakers em março não acreditaria na recuperação do Ibovespa no mesmo ano.  Após a evolução na testagem das vacinas e demanda chinesa por ferro, a Bolsa surpreendeu ao zerar suas perdas para o ano. Impulsionada pelo que seria um novo super ciclo das commodities, a bolsa chegou a bater níveis históricos no início de 2021, registrando 122.385 pontos ao fim do pregão do dia 7 de janeiro.

  • 7. IPCA (Variação de +4,52%)

O Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) registrou seu maior nível desde 2016. Elevada pelos preços do ramo alimentício, a inflação foi responsável por roubar grande parte da rentabilidade dos investimentos do ano. É crucial estar atento ao IPCA, uma vez que o índice pode evidenciar se seus investimentos estão trazendo prejuízo ou lucro.

  • 6. IHFA (Variação de +5,48%) – Índice de Hedge Funds Anbima

Há investidores que iniciam seu percurso pela bolsa de valores sem antes se certificarem de que as operações terão certa margem de segurança. Em situações de alta volatilidade, é necessário escolher uma das opções de hedge para ancorar os investimentos. Os números provam: quem investiu em fundos de hedge garantiu uma margem de rentabilidade de mais de 5%.

  • 5. IMA-B (Variação de +6,40%) – Índice de mercado Anbima que acompanha ativos atrelados à inflação

O IMA-B acompanha investimentos que estão diretamente atrelados ao IPCA, tal como o Tesouro IPCA+. Com a taxa Selic em baixa, o Tesouro IPCA foi uma das únicas opções vantajosas de renda fixa para 2020. A margem apontada, apesar de estreita, demonstra a força da inflação em relação a grande parte dos investimentos estabelecidos em 2020.

  • 4. IRF-M (Variação de 6,69%) – Índice de mercado Anbima de renda fixa

O IRF-M foi criado em 2000 para acompanhar as Notas do Tesouro Nacional Série F (NTN-F) e

as Letras do Tesouro Nacional. Diferentemente de outras categorias de renda fixa, este índice

mede a perspectiva futura da taxa de juros, uma vez que os papéis analisados são pré-fixados.

  • 3. Dólar (Variação de +28,9%)

Em um Brasil economica e politicamente fragilizado, o dólar chegou próximo a R$ 6 no começo do ano. Com o passar de 2020, o dólar caiu ligeiramente e flutuou entre os R$ 5,30. Apesar da queda, a moeda passou longe de seu patamar no fim de 2019, quando estava cotado em R$ 4. Quem investiu em câmbio obteve retornos elevados, assim como os que se mantiveram posicionados em empresas influenciadas pelo dólar, tal como as exportadoras.

  • 2. S&P 500 (Variação de +49,28% do IVVB11)

O índice que reúne as 500 maiores empresas americanas de capital aberto obteve lugar de destaque entre os investimentos do ano. Entre as empresas listadas, as gigantes da tecnologia se destacaram em um ano de pouco contato social. O Facebook, por exemplo, se aproveitou da expansão do e-commerce para ampliar seu segmento de anúncios pagos. As oportunidades aliadas à alta do dólar expandiram a vantagem dos ativos listados no índice frente aos comerciados pelo mercado doméstico.

  • 1. Bitcoin (Variação de 419%)

Alheia aos sistemas financeiros tradicionais, a criptomoeda atingiu recordes em 2020. Diferente

dos outros ativos que compõem esta lista, o Bitcoin (BTC) viu seus níveis se recuperarem rapidamente após sua queda no início da pandemia. Enquanto os governos estavam imprimindo um grande volume de moedas em meio à crise sanitária, o Bitcoin cursou o percurso contrário e se manteve estável. Somado a isso, grandes instituições financeiras estabeleceram posições no ativo, que se mostrou cada vez mais legítimo.

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