Marcopolo (POMO4) estreia em VLTs e dobra aposta no transporte sobre trilhos

As duas unidades entregues para uma operadora de turismo na Serra Gaúcha são as primeiras da Marcopolo Rail

A Marcopolo (POMO4) anunciou nesta quarta-feira (16) sua primeira entrega de carros para veículos leves sobre trilhos (VLT), ampliando a aposta da icônica marca de carrocerias de ônibus no setor ferroviário para diversificar receitas.

Segundo a Reuters, as duas unidades entregues para uma operadora de turismo na Serra Gaúcha são as primeiras da Marcopolo Rail, unidade do setor ferroviário que a Marcopolo lançou no ano passado para atuar nos segmentos de VLT e modais de vias elevadas.

Marcopolo (POMO4) estreia em VLTs e dobra aposta no transporte sobre trilhos

Companhia

Mas a companhia espera começar a receber também encomendas de municípios já no começo de 2021, inicialmente com maior fornecimento de equipamentos de reposição e modernização, enquanto se prepara para a expansão desses modais pelo país.

Um estudo da ANPTrilhos, entidade que representa o setor metroferroviário, aponta que o transporte de passageiros sobre trilhos está presente em apenas 13 de 63 regiões metropolitanas do país, considerando áreas de médio e grande portes. E, apesar de atender mais de 11 milhões de passageiros por dia, ainda assim apresenta capacidade abaixo da demanda.

Expectativa

A expectativa da Marcopolo é de que haja procura por equipamento e serviços para reforma de cinco mil quilômetros de ferrovias e de 800 carros de passageiros nos próximos dois a oito anos só no Brasil.

“Identificamos uma lacuna, a necessidade de uma produção regional de VLT para atender necessidades específicas de Brasil e também de América Latina”, disse à Reuters Petras Amaral, principal executivo da Marcopolo Next, que engloba a Marcopolo Rail.

Incentivo

Com a gradual aprovação de políticas nacional e regionais de incentivo à adoção de transporte urbano sobre trilhos, a Marcopolo acredita que deve crescer também a demanda por soluções domésticas para o setor, para substituir pelo menos parte do suprimento, amplamente de origem importada.

Nesse sentido, a companhia já vem desenvolvendo parcerias, como a que fez com a também gaúcha Randon, fabricante de implementos rodoviários.

“Nossos equipamentos devem ter cerca de 80% do conteúdo de origem nacional”, disse Amaral.

A versão urbana dos carros de VLT produzidos pela companhia têm capacidade para até 760 passageiros, enquanto a de transporte intermunicipal é de 280, divididos em 4 carros.

Sem mencionar o valor do investimento na nova divisão, a Marcopolo diz já estar conversando também com clientes em toda a América Latina, incluindo México, e que espera receber algumas encomendas menores já em 2021.

“Temos uma vantagem de entender melhor as necessidades locais e ter alta capacidade de customização”, afirmou Amaral.

O movimento

O movimento ocorre na esteira de uma crise no setor de transporte público no Brasil, após medidas de isolamento social terem derrubado o volume de passageiros no transporte público para cerca de metade do que era antes da pandemia da Covid-19, o que também levou as empresas do setor a cancelarem novas encomendas de ônibus.

A Marcopolo acusou esse movimento, com sua ação negociada na B3 acumulando uma perda de cerca de um terço do valor em 2020, ao passo que o Ibovespa já voltou ao azul no acumulado do ano.

No acumulado deste ano ao fim de novembro, as vendas de ônibus novos no Brasil registram queda de 33% sobre um ano antes, para 12,8 mil unidades, segundo dados da associação de montadoras, Anfavea.

Veja POMO4 na Bolsa:

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