Duas semanas depois de assumir as fábricas de embalagens da International Paper (IP) no Brasil, a Klabin (KLBN11) já está avaliando novas oportunidades de aquisição no mercado brasileiro de papelão ondulado, com foco em expandir presença nas regiões Nordeste e Sul, disse o diretor de Embalagem da companhia, Douglas Dalmasi. “No Sul, temos interesse especialmente no Paraná”, afirmou o executivo.
Ao Valor Econômico, ele disse que o maior consumo de embalagens no país, a disponibilidade de papel para integrar em operações próprias com a expansão em curso na unidade Puma (projeto Puma II, no Paraná) e o forte desempenho operacional – no terceiro trimestre, a receita líquida superou R$ 3,1 bilhões e marcou novo recorde, enquanto as vendas em volume saltaram 14% na comparação a anual, a 910 mil toneladas – dão suporte aos planos de crescimento.
Compra de ativos
A Klabin anunciou em março a compra dos ativos da IP Embalagens no Brasil, por R$ 330 milhões, e há cerca de duas semanas recebeu o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para efetivar a transação. Com isso, elevou em quase 50% a capacidade nominal em caixas de papelão ondulado, em um momento de forte demanda. O principal destaque do balanço do terceiro trimestre, divulgado ontem, foi o desempenho do negócio de embalagem.
Conforme Dalmasi, a integração das operações da IP foi bem sucedida e terá impacto já nos resultados do quarto trimestre. Em base anualizada, a expectativa é de acréscimo de 8% a 10% na receita da Klabin a partir dessa adição de capacidade.
“A compra da IP é importante, mas a Klabin está com capacidade tomada”, acrescentou o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Marcos Ivo.
Início de operação
Com o início de operação da primeira máquina prevista no projeto Puma II, em julho do ano que vem, a companhia terá mais papel para converter em embalagem, o que também estimula a busca por ativos de papelão disponíveis no mercado. A Klabin poderia investir em uma nova fábrica do zero, mas essa opção demandaria mais tempo.
A expectativa é a que a forte demanda de embalagens de papelão, vista desde o fim do segundo trimestre, se mantenha ao menos até março, sustentada “no mínimo” pela necessidade de recomposição de estoques na cadeia de valor. “O ano de 2021 ainda será forte, e melhor que 2020, com a retomada da construção civil e potenciais medidas do governo. A expectativa é muito boa para o mercado interno”, comentou Dalmasi. Outro vetor de crescimento, lembrou o executivo, é o avanço do comércio eletrônico no país. Hoje, quase 10% das vendas do varejo já são feitas online. A Klabin triplicou os volumes nesse segmento.
Desempenho
O bom desempenho dessa unidade contribuiu para que a companhia registrasse, no terceiro trimestre, receita líquida recorde, de R$ 3,12 bilhões. No intervalo, houve crescimento em todos os negócios e, apesar da maior exposição a produtos de primeira necessidade, que sentiram imediatamente o aquecimento do consumo por causa do pagamento do auxílio emergencial, a expansão das vendas foi puxada também por bens duráveis. A redução do benefício, de R$ 600 para R$ 300, não teve reflexo na demanda até o momento.
Outro destaque do trimestre foi o fluxo de caixa livre de R$ 1,8 bilhão, sem descontar dividendos e investimento em expansão. Desconsiderados esses itens, o fluxo de caixa livre ainda foi positivo, em R$ 600 milhões. Esforços de otimização de capital de giro também contribuíram para a maior geração de caixa. “
“A Klabin oferece retorno sobre o capital investido mesmo em um cenário desafiador”, acrescentou Ivo, referindo-se ao Roic de 13,7% nos últimos 12 meses. Em setembro, a dívida líquida estava em R$ 21 bilhões, estável ante junho.
Conforme o executivo, os resultados apurados pela Klabin no trimestre são sustentados e, caso haja alguma mudança de cenário, a companhia tem flexibilidade de ajustar seus negócios e buscar os mercados mais rentáveis. Apesar do bom desempenho operacional, a empresa registrou prejuízo de R$ 198,9 milhões no intervalo, na esteira do impacto negativo.
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