O Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF) subiu 0,03% em agosto. Com esse resultado, o índice acumula taxa de 2,11% no ano e de 2,78% em 12 meses. No mesmo período, o índice oficial de inflação acumula 3,23% no ano e 4,61% em 12 meses. O novo IPGF foi divulgado hoje pela FGV/Ibre no Rio de Janeiro.
Os recentes resultados apontam para uma sutil reaceleração da inflação a partir da substituição das leituras negativas de julho a setembro do ano passado, no entanto, o IPGF sugere que essa aceleração é menos acentuada que o indicado pelo IPCA.
Em julho, o IPGF acumulava 2,35% em 12 meses. No mesmo período do ano passado, o IPGF acumulado desacelerava de 10,55% em julho de 2022 para 9,05% em agosto (mais elevado que o IPCA àquela época).
O economista responsável pela pesquisa, Matheus Peçanha, comenta que essa tendência do índice se deve ao fato de que a construção dos pesos, entre outros fatores, possibilita a percepção do chamado “efeito substituição”: “Quando o consumidor substitui arroz por macarrão ou carne vermelha por carne branca, ou ainda deixa de consumir combustível e passa a usar mais o transporte público devido ao aumento de preços os itens substituídos perdem peso na cesta de consumo das famílias e seus aumentos de preço passam a contribuir menos para o índice e vice-versa. Assim, no longo prazo, esse efeito acaba gerando um número menor de inflação.”
Evolução da inflação por grupos
A aceleração do índice se deve, principalmente, ao grupo Transportes, que apresentava deflação de 4,17% em 12 meses até julho e agora acumula alta de 1,44% em agosto, graças, sobretudo, ao reajuste nos preços dos combustíveis. Dentro do grupo, os itens que mais contribuíram para essa aceleração foram “gasolina” (de -9,28% para 3,94%); “óleo diesel” (de -31,56% para -22,81%) e “etanol” (de -12,01% para -7,76%).
Outros dois grupos apresentaram aceleração: Habitação (de 3,24% para 4,04%) e Educação (de 8,13% para 8,35%). O grupo Comunicação manteve-se estável, acumulando queda de 7,10%.
Os seis grupos restantes do IPGF apresentaram desaceleração em sua taxa interanual de julho para agosto: Alimentação (de -2,92% para -4,07%), Artigos de Residência (de -3,69% para -4,05%), Vestuário (de 5,60% para 4,23%), Saúde e Cuidados Pessoais (de 11,39% para 10,73%), Despesas Pessoais (de 11,07% para 10,61%) e Serviços Prestados às Famílias e atividades pessoais (de 5,64% para 5,43%).
Índice de Difusão
O índice de difusão do IPGF voltou a subir em agosto e está em 47,8%, ou seja, aproximadamente 5 em cada 10 itens apresentaram aumento de preço em agosto. No entanto, a difusão ainda é menor que no início do processo de descompressão em dezembro de 2022, quando estava em 73,9% e a análise de sua média móvel de 12 meses indica o aprofundamento da redução da difusão desde junho de 2022, quando o processo inflacionário começou a apresentar sinais de descompressão.
Mais sobre o IPGF
O IPGF é um novo índice de preços ao consumidor em que, entre outras características, os pesos da cesta de consumo são atualizados mensalmente. Essa característica do índice contribui para que as alterações nas preferências do consumidor sejam captadas com mais agilidade. Em decorrência disso, o IPGF tem acumulado uma inflação menor no longo prazo comparativamente aos índices tradicionais como o IPCA (IBGE) ou o IPC (FGV IBRE).
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