Havan, do empresário Luciano Hang, desiste de IPO, mas deve retomar em 2021

A varejista Havan desistiu de sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), segundo dados divulgados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta terça-feira (27).

O movimento é um revés para o empresário Luciano Hang, um notório apoiador do presidente Jair Bolsonaro. Com a oferta anunciada em agosto, Hang planejava vender uma fatia da icônica cadeia de lojas que têm na fachada réplicas da Estátua da Liberdade.

IPO: a operação

A operação serviria também para a Havan buscar recursos para financiar aberturas de centros de distribuição e de novas lojas, além de investimentos em tecnologia e reforço no capital de giro.

Nas últimas semanas, a mídia brasileira publicou que Hang estava tendo dificuldades para levar adiante a operação, porque investidores não aceitaram avaliar a companhia em cerca de 100 bilhões de reais, como pretendia o empresário.

A desistência da Havan sublinha a volatilidade do mercado de ofertas de ações no Brasil, que, mesmo batendo recordes em 2020 com a queda do juro básico à mínima recorde de 2% ao ano, também sente as incertezas quanto aos efeitos econômicos da Covid-19.

Só em outubro, oito empresas nacionais já desistiram dos planos de listagem na B3.

2021

A varejista não conseguiu convencer o mercado em 2020 de que deveria chegar à Bolsa avaliada em R$ 70 bilhões.

Hang participou das conversas preliminares com investidores desde agosto, usando suas tradicionais camisetas com frases patrióticas. No entanto, não conseguiu convencer o mercado sobre o preço pretendido em um momento em que o mercado brasileiro tem uma sobreoferta de candidatas a IPOs.

Santa Catarina

A varejista foi criada em Santa Catarina e hoje tem 147 lojas físicas – muitas delas têm uma réplica da Estátua da Liberdade no estacionamento. O IPO também englobaria a venda de uma fatia da empresa por Hang.

No primeiro semestre, a Havan teve prejuízo líquido de R$ 127,5 milhões, ante lucro líquido de R$ 193,9 milhões no mesmo período de 2019. A receita líquida, de janeiro a junho, foi de R$ 3,27 bilhões, ante R$ 3,63 bilhões, considerada a mesma comparação.

Com o mercado muito seletivo e com muitas ofertas na rua neste fim de 2020, a quantidade de empresas desistindo de ofertas vem aumentando – foram 14 nas últimas semanas. No entanto a janela segue aberta, e o ano já é de recorde de emissão de ações na B3, a Bolsa paulista: o volume já supera R$ 95 bilhões, ante R$ 90 bilhões ano passado, a máxima anterior.