A companhia de alimentos M. Dias Branco (MDIA3) reportou lucro líquido de R$ 265 milhões no terceiro trimestre, um salto de 97,3% na comparação anual puxado pela receita de R$ 2 bilhões obtida no período, um recorde trimestral.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) subiu 74,4%, para R$ 328 milhões.
A empresa, líder nos mercados de biscoitos e massas no Brasil, ainda registrou recorde no volume produzido, de 875 mil toneladas.
“O consumo continuou forte. Mesmo durante a pandemia, a gente lançou produtos, alavancou o que já havia lançado (recentemente) e tivemos uma boa contribuição destes produtos”, disse à Reuters o diretor de Relações com Investidores da M. Dias, Fábio Cefaly.
Empresas: receita
Ele destacou que a receita atingiu R$ 5,5 bilhões no acumulado dos nove primeiros meses do ano, alta de 25,9%, impulsionada dentre outros fatores pela rotina de isolamento social contra o novo coronavírus, que fez com que as pessoas passassem a cozinhar mais em casa, consumindo massas, por exemplo.
As recentes máximas nos preços do arroz também foram mais um gatilho para o consumo de massas no último trimestre.
“Podemos, sim, associar o aumento de consumo de massas em detrimento do arroz, porque são produtos substitutos”, avaliou o executivo.
Empresas: exportações
Exportações aquecidas, aumento na demanda interna durante a pandemia e problemas de safra em fornecedores globais impulsionaram as vendas de arroz durante o ano, gerando escassez do cereal nacional e recorde de preços.
Agora, o país está buscando arroz no mercado internacional e, enquanto as importações não pressionam as cotações, parte da demanda doméstica é deslocada para o macarrão.
O bom momento de consumo permitiu que a companhia ampliasse os investimentos em marketing, disse Cefaly, o que contribuiu para a geração de caixa e redução da alavancagem.
Dívida líquida vs Ebitda
A relação entre dívida líquida e Ebitda caiu para 0,2x no terceiro trimestre, abaixo do 0,4x registrado no trimestre imediatamente anterior e do 0,7x obtido um ano antes.
“Liberamos R$ 138 milhões em capital de giro no acumulado de janeiro a setembro”, afirmou o diretor. “Estamos fazendo essa travessia (da pandemia) com o balanço muito sólido, totalmente habilitado para seguir investindo”, acrescentou.
Trigo vs Câmbio
Cefaly disse que o desafio de curto prazo, além de todas as questões da pandemia, é o câmbio, que continua afetando as margens da companhia.
Segundo ele, somente no terceiro trimestre o cereal aumentou 22% em relação ao mesmo período de 2019, enquanto o preço médio do portfólio de produtos da M. Dias Branco subiu apenas 3%, em igual comparação.
“Ainda não sentimos recuo no preço do trigo com a entrada da safra nacional. A produção mundial é suficiente para atender a demanda, mas alguns fatores estão criando algum tipo de volatilidade. E, no preço do cereal em reais, o principal ofensor é o câmbio”, explicou.
Ao comentar fatores que estão influenciando a volatilidade das cotações globais do trigo, o executivo destacou a formação de estoques em alguns países por temores de segunda onda da Covid-19 e casos de seca entre fornecedores, como Argentina e Rússia.
SLC Agrícola (SLCE3)
A SLC Agrícola (SLCE3) reportou prejuízo líquido de R$ 35,7 milhões no terceiro trimestre, 63,2% menor que as perdas de R$ 97 milhões no mesmo período do ano anterior.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado subiu 30,8% no período, para R$ 234,63 milhões, excluindo os efeitos dos ativos biológicos, a baixa do ativo imobilizado e outras transações sem efeito caixa.
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