As transações monetárias entre os países estimulam a movimentação na esfera econômica, seja ela nacional ou internacional. Para que essas operações ocorram no mercado, é preciso que haja uma norma de conversão de uma moeda para outra: o chamado câmbio, que é necessário para a realização de atividades rotineiras, como importação de bens de outros países, viagens internacionais ou até mesmo investir no exterior.
No Brasil, é estabelecido o regime de câmbio flutuante. Isso significa que a cotação do dólar varia livremente de acordo com oferta e demanda do mercado brasileiro, sem, necessariamente, uma intervenção direta do Estado nesse sentido.
São vários fatores que levam à depreciação ou a valorização do real, tanto econômicos ou políticos. Em 2022, a valorização do dólar em relação ao real foi um dos fatores que contribuiu para o aumento da inflação interna: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos 12 meses foi de 5,90%.
Para 2023, o cenário é semelhante: o Banco Central revisou de 4,6% para 5% a estimativa para o crescimento da inflação. Além de questões de economia e política interna, como pagamento de auxílios temporários, a alta da inflação foi puxada por fatores econômicos externos, como a guerra na Ucrânia, que gerou alta de combustíveis, e a pandemia de Covid-19, que causou a interrupção temporária na oferta de alguns produtos.
Dólar x Real: o que vem para 2023?
Segundo o Centro de Estudos em Macroeconomia Aplicada (CEMAP), em 2020 e 2021, o dólar acumulou alta expressiva de 38,9% em relação ao real. O desalinhamento negativo do câmbio nesse período é um dos maiores e mais persistentes da história recente do país.
Com o dólar alto e encarecimento dos insumos, indústrias e empresas podem optar por exportar os produtos para aumentar os lucros e se beneficiar com o câmbio fortalecido.
Com isso, a oferta de produtos para consumo doméstico é reduzida, o que pelo lado da oferta também impacta no aumento de preços.
No entanto, o real tem sido uma das poucas moedas que têm conseguido ganhar valor em relação à moeda norte-americana: uma das principais razões apontadas pelos economistas foi a escalada forte da taxa de juros no Brasil, que saltou de 2% em março de 2021 para 13,75% no último mês de agosto, um dos aumentos mais significativos observados no mundo.
Esse efeito do aumento da taxa Selic sobre o câmbio se deu porque, à medida que os títulos públicos e de renda fixa passam a pagar mais juros, eles atraem mais investidores, contribuindo para a entrada de dólares no país.
Além disso, para Daniel Pontes, economista e sócio-fundador da SWAP Câmbio e Capitais Internacionais, a forte alta das commodities, puxa uma tendência de forte apreciação do real frente ao dólar e ao euro, um cenário que poderá ser visto em 2023.
“Hoje somos o maior exportador de café do mundo, o terceiro maior exportador de minério de ferro e o maior exportador de soja. Normalmente, a receita dessas empresas nacionais são em moeda estrangeira. Quando o preço das commodities lá fora sobe, isso obviamente vai impactar na inflação, e o real se fortalece”, afirma Pontes.
Ainda segundo o economista, o que pode causar a desvalorização da moeda nacional no próximo ano são questões relacionadas a metas fiscais, como o cumprimento do teto de gastos.
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