Com o objetivo de oferecer novas referências de portfólio aos investidores brasileiros, a Bolsa Brasileira (B3) planeja lançar em 2021 um índice de ações composto apenas por companhias que fazem parte do ranking das melhores empresas para trabalhar. A iniciativa é conduzida em parceria com a consultoria global Great Place To Work (GPTW), que produz a lista todos os anos no Brasil desde 1997.
Segundo o Valor, a metodologia, a composição e o peso de cada empresa na carteira teórica ainda estão em desenvolvimento na B3. No entanto, a ideia é partir das companhias que fazem parte do ranking da GPTW, cuja avaliação vai desde o clima de trabalho e a transparência até cultura corporativa, para montar um novo índice.
Ranking
Algumas empresas bastante conhecidas do mercado têm marcado presença no ranking há décadas. São os casos de Magazine Luiza, premiada entre as melhores empresas para trabalhar desde 1998, e do Bradesco, que tem lugar cativo na lista há 20 anos. Outra veterana é a Ambev, que consta no ranking da GPTW nos últimos 14 anos.
De acordo com Gleice Donini, superintendente de Sustentabilidade da B3, o desenvolvimento do índice busca atender uma demanda de um novo perfil dos investidores brasileiros, que têm dado cada vez mais importância às práticas de responsabilidade ambiental, social e de governança (resumidas na sigla ESG, em inglês)
“Empresas que privilegiam as práticas ESG trazem rentabilidade e mais resiliência. No cenário de pandemia, que estamos vivendo agora, elas estão se sustentando de forma diferenciada”, explica ela.
Bolsa: GPTW
Dados da GPTW mostram que empresas com um bom ambiente de trabalho apresentam métricas melhores que a média do mercado. As 150 companhias que participam do ranking de 2020 tiveram uma expansão de 9,3% no faturamento em 2019, enquanto o PIB brasileiro cresceu apenas 1,1%. O turnover voluntário das empresas — quando os funcionários pedem as contas — ficou em 7%, bem abaixo da média das companhias no país de 20%.
Roberta Hummel, diretora de Regionais e Relações Internacionais da GPTW, explica que a consultoria sempre buscou deixar claro a relação entre rentabilidade e o clima local de trabalho. “O alinhamento das equipes com a empresa permite que a companhia ande com agilidade. Isso cria condições para que ela cresça de maneira sustentável, com constância de resultados”, afirma a executiva. Além disso, o clima nas empresas também favorece uma cultura mais questionadora, que abre caminho para inovações no setor.
Bolsa: expectativa
A expectativa é que isso se aplique também ao desempenho das ações dessas empresas em relação à média no mercado. Segundo cálculos da Russel para a GPTW americana, as 100 melhores empresas para se trabalhar nos EUA tiveram faturamento três vezes maior do que o das companhias dos índices Russell 3000 e do Russell 1000 em Wall Street.
Vale dizer que o Brasil foi o primeiro país a contar com um ranking da GPTW sobre as melhores empresas para trabalhar em 1997. E, agora, a parceria com a bolsa é inédita dentre os 90 países em que a consultoria está presente.
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