A quarentena agravou uma tendência que já vinha ocorrendo há algum tempo na Argentina: um fluxo contínuo de empresas que vão embora do país. De companhias aéreas a empresas de autopeças, as filiais locais de empresas estrangeiras estão deixando o mercado argentino.
Segundo o jornal argentino Clarín, neste ano já são pelo menos dez casos.
A fabricante alemã de tintas para veículos Basf transferiu sua produção para o Brasil, onde encontra um mercado maior e mais estável.
Saint-Gobain Sekurit
A empresa francesa Saint-Gobain Sekurit, que fabrica para-brisas, fechou sua fábrica em Campana, na província de Buenos Aires, demitiu mais de 150 trabalhadores e anunciou que vai transferir sua produção para o Brasil.
Empresas brasileiras vêm avaliando a possibilidade de seguir um caminho semelhante, mas o governo brasileiro pediu que reconsiderassem, após algumas gestões do ministério das Relações Exteriores argentino.
A loja de departamentos Falabella, que é chilena e está presente em vários países, fechou pelo menos duas lojas e anunciou nesta semana que está buscando um parceiro para diminuir sua presença na Argentina. .
A rede chilena Falabella, de lojas de departamentos, fechou pelo menos duas lojas e anunciou nesta semana que está buscando um parceiro para diminuir sua presença no país. A Walmart está na mesma situação, com a diferença de que o hipermercado não fechou nenhuma loja.
Uma das primeiras empresas a anunciar que deixaria o país foi a companhia aérea chilena Latam, que está encerrando a operação na Argentina. Foi a primeira de várias aéreas, como Emirados e Air New Zealand.
Cabotagem
No mercado de cabotagem, a Norwegian já havia cedido suas posições à Jetsmart. E há dúvidas sobre a continuidade da Flybondi devido aos problemas no Aeroporto El Palomar.
A Telefónica de España anunciou que venderá algumas unidades de negócios na América Latina, incluindo as que possui na Argentina.
A empresa americana Nike também passará o desenvolvimento da marca no país a empresas locais. Entre as etiquetas da moda, Wrangler e Lee também anunciaram sua retirada.
No mercado da aviação comercial, todas as companhias aéreas foram duramente atingidas, mas o governo parece ter como objetivo favorecer a Aerolíneas Argentinas, em detrimento das outras empresas que operam no mercado doméstico.
A americana Axalta, também do setor automotivo, iniciou o processo de saída.
Razões declaradas
As razões declaradas pelas empresas para tomarem a decisão de deixar de operar na Argentina não são todas iguais. Algumas dizem que seus negócios no país foram reduzidos, que perdem dinheiro ou que não têm margens atraentes para continuar.
As empresas expressam outras preocupações. O problema do acesso ao mercado de câmbio é um dos mais mencionados. A restrição cambial complica o funcionamento das companhias que dependem de importações para realizar seus processos produtivos.
Também são citadas as constantes mudanças nas regras de jogo no país. De taxas de câmbio a impostos – está sendo analisado novo aumento no imposto de renda pago pelas empresas – passando pela estrutura política.
A anunciada expropriação da empresa de agronegócios Vicentin – que finalmente não foi realizada – assustou os mercados internacionais.
O setor de telecomunicações, que é um dos mais dinâmicos e necessita de investimentos permanentes para não ficar desatualizado, está regulado por um decreto que ameaça transformá-lo em serviço público.
“Na maioria dos mercados, os governos estão estudando maneiras de ajudar as empresas a manterem o emprego e a não caírem”, diz o executivo de uma empresa multinacional que está de saída.
“Na Argentina, houve ajuda para o pagamento de salários, mas as regras gerais de jogo mudam muito, são instáveis. Desde a taxa de câmbio até as regulações e os impostos. Tem que ser um investidor que vise o longo prazo”.
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