Mais de 10 milhões de pessoas já investem em criptomoedas no Brasil, a informação é de estudo recente da FinDocs. O grande número de adeptos fez com que o país se tornasse o quinto maior mercado mundial da moeda, porém, ainda está longe de atingir o seu potencial máximo.
O especialista Andrey Nousi, CFA explica que os ativos resolvem inúmeros problemas do atual sistema financeiro tradicional.
“Quando você faz um pagamento existem vários intermediários participando dessa transação e cada um deles cobra uma taxa, como por exemplo as empresas de cartão de crédito que cobram entre 2 e 3% do custo da transação. Isso é bastante oneroso para os comerciantes. Com as criptos, você elimina os intermediários e as transações entre países são instantâneas, sem a necessidade de pedir aprovação de alguém para tal”, explica o especialista.
No mercado cripto, apesar de denominarem muitos ativos como criptomoedas, a maioria deles são na verdade tokens.
“Enquanto uma criptomoeda possui sua própria rede, na qual são registradas e armazenadas as transações, um token consiste em um código construído em uma rede, que tem sua criptomoeda como ativo principal para pagar taxas transacionais”, afirma Nousi.
Como adquirir?
Existem diferentes maneiras nas quais você pode adquirir criptomoedas, de acordo com Nousi, no início, as criptos existentes são mineradas e também podem ser cunhadas por usuários da rede que registram e/ou armazenam os dados da rede.
“No caso do bitcoin, esse processo, seguido da resolução de uma prova matemática por computadores, é chamado de ‘mineração’ e, a cada bloco que tem seu problema matemático resolvido, hoje, são ‘criados’ 6.25 novos bitcoins”, conta Nousi.
As criptomoedas também podem ser compradas e vendidas mineradas em corretoras centralizadas ou descentralizadas. Outra forma de aquisição dos ativos é por meio do Exchange-Traded Funds, ou ETF’s.
Como posso guardá-las?
Você pode guardar suas moedas digitais de três formas, a primeira é a Hot Wallet, uma carteira 100% digital, conectada a internet e com um software presente em seu dispositivo; a segunda é a Cold Wallets, uma carteira física, um hardware. Com ela você guarda suas chaves privadas em um dispositivo sem conexão direta à internet. A terceira são as corretoras, neste caso, toda a segurança dos seus criptoativos dependerão da segurança da corretora, interna e externamente.
Por que as criptomoedas são tão voláteis?
Nousi explica que pelo fato do mercado de criptomoedas ser novo se torna difícil ter precisão quanto a precificação do ativo.
“A capitalização de mercado da maioria das criptomoedas ainda é pequena. Isso faz com que players detentores de grandes posições exerçam relevantes pressões, tanto compradoras quanto vendedoras, ao negociar seus fundos. Tal volatilidade implica no excesso de oportunidades”, afirma Nousi.
Para aprender a analisar o cenário cripto, Nousi recomenda os modelos mais utilizados como a “Análise Técnica”, a “Análise Fundamentalista” , a “Análise de Sentimento” e “Análise On-chain”.
Quais os modelos de precificação?
O principal modelo é o stock-to-flow, popularmente conhecido como “S2F”. Ele busca precificar o ativo relacionando sua oferta e demanda. Com a crescente demanda, o modelo apresenta “alta infinita”, com maiores períodos de valorização em sequência dos eventos denominados “halving”.
Outro modelo que pode ser considerado mais dinâmico é o “Bitcoin NVT Price”, ou “Bitcoin Network Value to Transaction”. Com a alteração de volume transacionado na rede do Bitcoin e de seu valor total de mercado, o modelo de precificação NVT é constantemente atualizado.
Inverno Criptos? Essa correção já era esperada?
Sobre o famoso “inverno das criptos”, Nousi se posiciona. “Não, eu não creio nisso, sempre foi de amplo conhecimento público que as criptos são bastante arriscadas e voláteis. Se você pegar o gráfico do bitcoin, nos últimos 10 anos, ele já caiu mais de 70%, em pelo menos 4x, em 4 instâncias. E não seria dessa vez, que uma vez que as coisas se estabilizarem, que seria visto como porto-seguro.”
Uma coisa que é importante ressaltar é que pela primeira vez, desde a sua criação, o bitcoin e as criptos estão caindo por conta de fatores exógenos, ao de criptos, óbvio que que tem alguns fatores endógenos que contribuem, mas essa correção massiva se dá por conta de um reajuste macroeconômico, das políticas monetárias dos bancos centrais ao redor do mundo.
O ativo poderá voltar para o apetite do investidor como “um porto-seguro”?
“Então, é interessante ver o quanto isso tem impactado o mercado de cripto e mostra o quanto que a indústria de cripto ela começa a ser mais aceita entre os investidores globalmente. Que acabam escolhendo reduzir o risco dos seus portfólios naturalmente saindo de cripto”, diz e completa: “isso na minha concepção, uma vez que os mercados se estabilizam, que a economia volte a crescer normalmente, sem preocupação de recessão, isso é bastante positivo, pois os investidores voltarão com muito apetite pro mercado de cripto mas não como um porto seguro e sim, um ativo de risco.
Divulgações via redes sociais criaram uma especulação muito forte e abriram portas para os “golpes”?
“Num âmbito geral, acredito que não, golpes financeiros são coisas que existem a bastante tempo e fatalmente, por conta do mercado de criptos subir bastante, os golpistas conseguem ludibriar mais as pessoas. Mas não atribuiria isso às mídias sociais e sim a ao que a gente vê na mídia, mídias sociais, na televisão em tudo. Porque as pessoas veem na televisão “o bitcoin subiu 50% esse mês”, um exemplo hipotético”, considera.
“A pessoa vê corroborado esse movimento no YouTube, depois vê corroborado isso no jornal impresso, depois na revista, depois no influenciador… Então ela vê, poxa, esse negócio de bitcoin está subindo? Então, de uma hora pra outra aparece um anúncio em alguma das plataformas dizendo: “ganhe 10% ao dia com criptomoedas” e aquilo pode corroborar. Mas não atribuiria somente ao fato de ser redes sociais e sim, o fato de que durante as durante o “Bull Market” ele sobe bastante, o bitcoin e as criptos, e isso acaba aumentando a quantidade de golpes que utilizam o nome das criptomoedas”, finaliza o CFA, fundador da Nousi Finance e ex-JPMorgan, Andrey Nousi, para o 1Bilhão.
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