Depois do fechamento dos negócios desta terça-feira (15), algumas empresas soltaram seus números referentes ao segundo trimestre de 2023. Com isso, a equipe da Guide Investimentos escolheu Nubank (ROXO34), Tupy (TUPY3) e São Martinho (SMTO3) para as devidas análises.
Nubank (ROXO34)
Ontemà noite, depois do fechamento do mercado, o Nubank (ROXO34) divulgou seu resultado referente ao 2T23. O banco reporto um lucro líquido de US$224,9 milhões no trimestre, revertendo um prejuízo de US$29,9 milhões no 2T22 e superando o consenso.
Dentre os destaques, o banco adicionou 4,6 milhões de clientes no trimestre, atingindo 83,7 milhões, crescimento anual de 28%. Neste período, a taxa de atividade cresceu 2 p.p. para 82%, finalizando o trimestre em 68,8 milhões de clientes ativos. Com isso, o volume de depósitos alcançou US$18,0 bilhões, um crescimento anual de 23% sem efeito cambial (FXN) e trimestral de 8% impulsionado pela sazonalidade. Assim sendo, o índice empréstimo sobre depósitos alcançou 35% e o custo de captação se manteve estável trimestralmente em 80% do CDI.
Em relação a portfólio de crédito total, cartão de crédito e empréstimo pessoal, houve crescimento anual de 48% e trimestral de 10% FXN para US$14,8 bilhões. Ao isolarmos só o portfólio sujeito a ganho de juros, o crescimento anual foi de 80% e trimestral de 15% FXN para US$6,3 bilhões, refletindo o ganho de representatividade de parcelado com juros dentro da carteira de cartão de crédito, 19% no 2T23, +3p.p. no trimestre.
Dessa forma, a margem financeira finalizou o período em US$1.047 bilhões, crescimento FXN anual de 133%, correspondendo a uma NIM de 18,3% (vs 9,7% no 2T22 e 15,7% no 1T23).
Em relação a carteira de crédito, houve crescimento de 0,4 p.p. na inadimplência para 5,9%. Caso considerássemos um mix constante de produtos do 4T19, o crescimento seria de 0,6 p.p. para 6,6%. Já a inadimplência de 15 a 90 dias fechou o período em 4,3%, ligeira redução de 0,1 p.p. no trimestre e de 0,2 p.p. para 3,9% considerando um mix de produtos estável. Assim sendo, o banco realizou uma PDD proporcional a 4,0% da carteira de crédito, crescimento trimestral e anual de 0,3p.p.
Por fim, a receita de tarifas e comissões totalizou US$368,4 milhões no 2T23, um aumento de 21%, ou 20% FXN, no ano, dado crescimento de 32%, ou 30% FXN, do volume de compra para US$26,3 bilhões. Em paralelo, as despesas operacionais totais finalizaram o período em US$458 milhões, o equivalente a 25% da receita, uma redução considerável anual de 9p.p. no indicador.
“Positivo. Na nossa visão, o resultado foi positivo, superando consideravelmente as expectativas do consenso. Com isso, reconhecemos nitidamente a força da trajetória recente do Nubank e êxito em superar as estimativas do mercado, reafirmando o potencial da tese de investimentos em entrega de rentabilidade e alto crescimento. No entanto, o valuation da companhia é altamente esticado (P/L estimado para 12M em 34x e P/VP de 6,5x), exigindo a manutenção de altas taxas de crescimento por mais algum tempo, sem espaço para erros, o que na nossa visão traz um risco assimétrico para a tese, nos fazendo preferir empresas com valuation mais atrativos e bons fundamentos.”
São Martinho (SMTO3)
A São Martinho divulgou resultados fracos no 1T24 (equivalente ao 2T23 no ano fiscal tradicional). A queda nos preços e volumes de etanol mais do que compensaram a melhora nos preços do açúcar. Esperamos uma melhora nos próximos resultados, particularmente por conta da continuidade da alta do açúcar no mercado internacional e também pelo aumento recente nos preços da gasolina implementados pela Petrobras.
Outro ponto negativo no resultado foi a redução nas vendas de etanol: contudo, isto se deve à uma base de comparação elevada no 1T23.
A receita líquida de R$ 1.353 milhões (-21% A/A) foi negativamente afetada pela menor venda de etanol e também pela queda nos preços do etanol. No mercado de açúcar, os preços mostraram elevação acentuada como já destacamos em outros relatórios. O Ebitda de R$ 557 milhões (-36% A/A) foi negativamente afetado pelos preços e volumes menores, que reduziram a diluição dos custos fixos. O lucro foi de apenas R$ 125 milhões.
“Levemente negativo. Os resultados foram fracos mas claramente indicam potencial de melhora nos próximos trimestres em função da continuidade dos preços altos do açúcar no mercado internacional e também pela recente alta da gasolina no Brasil.”
Tupy (TUPY3)
Na segunda-feira a Tupy divulgou seu resultado referente ao segundo trimestre de 2023. Abaixo encontra-se a distribuição da receita nesse trimestre, a evolução da receita e do EBITDA.
As receitas do segmento de Componentes Estruturais e Contratos de Manufatura foram afetadas pela diminuição da produção no mercado brasileiro. Este segmento inclui produtos de ferro fundido para o mercado de bens de capital e serviços de valor agregado, como usinagem, montagem e serviços de engenharia, além das operações de montagem de motores de terceiros da MWM. Esse impacto é resultado da mudança na tecnologia de emissões de motores (Proconve P8 / Euro 6), que levou ao aumento dos preços dos veículos comerciais, bem como por fatores macroeconômicos, como taxas de juros e restrições de crédito.
A receita da unidade de Energia e Descarbonização é composta por grupos geradores, motores de fabricação própria, aplicações para o setor marítimo, torres de iluminação, motobombas de irrigação e fertirrigação, transformação veicular e geração de energia. O segmento de geradores, em particular, foi afetado pela diminuição da demanda, resultado das altas taxas de juros e restrições ao acesso ao crédito. Por outro lado, os mercados de torres de iluminação e transformação veicular apresentaram um crescimento significativo em comparação com o trimestre anterior (1T23), embora tenham uma representatividade baixa na receita.
As vendas do segmento de distribuição aumentaram 110%, principalmente devido à inclusão das receitas provenientes da MWM (peças de reposição para o mercado local e exportação), com destaque para o lançamento de novos produtos (linha de opcionais e multimarcas). Isso significa que a MWM teve um impacto significativo no crescimento das vendas do segmento de distribuição, graças ao lançamento de novos produtos e à sua presença no mercado local e internacional.
O EBITDA ajustado foi de R$ 332 milhões, uma queda de 4% em relação ao segundo trimestre de 2022. Isso foi devido a uma redução de 15% no volume produzido, causada pelo desempenho do mercado interno e iniciativas para reduzir estoques, bem como pela valorização do Peso Mexicano em 12% em relação ao câmbio médio do segundo trimestre de 2022, o que afetou os custos. No entanto, esses fatores foram mitigados por capturas de sinergias, redução de custos e despesas com fretes, além da recomposição e realização de preços.
“Negativo. Do lado positivo,a empresa conseguiu manter sua margem EBITDA estável mesmo sobre um cenário adverso no mercado interno. Contudo abaixo do que o mercado esperava. As ações da Tupy reagiram mal no dia de ontem.”
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