A equipe de analistas da Guide Investimentos selecionou uma série de empresas que apresentaram balanços financeiros entre a noite de ontem e hoje pela manhã. Entre os ativos escolhemos Totvs (TOTS3), BTG Pactual (BPAC11), Cury (CURY3), entre outros
Acompanhe o resumo dos balanços e as devidas análises.
BTG Pactual (BPAC11)
Na manhã de hoje, antes da abertura do mercado, o BTG Pactual divulgou seu resultado do 2T23. O banco apresentou um lucro líquido ajustado recorde de R$2,6 bilhões, crescimento anual de 18%, correspondendo a um ROAE anualizado de 22,7%, aumento de 1,1 p.p. O forte resultado foi puxado por um bom desempenho de diversas linhas de negócio do banco.
Dentre os destaques, tivemos uma receita de R$1,9 bilhão de Sales & Trading, crescimento trimestral de 27,1% e anual de 44,1% atribuído pelo banco à expansão das receitas de clientes e alocação eficiente de risco de mercado. Além disso, tivemos uma receita de R$306 em investment banking, crescimento trimestral de 17,5% já indicando melhoria de condições nos segmentos de ECM e DCM, o que nos faz acreditar que teremos um segundo semestre ainda mais forte para a linha.
Ademais, tivemos um crescimento trimestral de 7,3% e anual de 45,6% no portfólio de Corporate & SME Lending para R$153,8 bilhões, sendo puxado principalmente pelo crescimento em grandes empresas. Com isso, a frente entregou uma receita de R$1,3 bilhão, crescimento trimestral de 7,2% e anual de 30,7%, refletindo tanto o crescimento do portfólio em si, como o aumento dos spreads líquidos anualizados (+30bps vs 2T22).
Já a vertical de Wealth Management & Consumer Banking, apresentou um bom resultado de captação líquida no trimestre de R$35,4 bilhões, fazendo com que os ativos sob gestão do segmento alcançassem R$630 bilhões, um crescimento de 10,9% na comparação trimestral e de 36,3% na comparação anual. Com isso, a área registrou o 18º recorde de receita consecutivo, fechando o 2T23 em R$727 milhões, crescimento trimestral de 5% e anual de 17%.
Em relação a frente de Asset Management, o destaque fica pelo crescimento de 7,1% no AuM/AuA no trimestre, refletindo uma adição líquida de R$22,5 bilhões, em paralelo a uma valorização do preço dos ativos. No entanto, as menores taxas de performance fizeram com que o segmento tivesse um crescimento abaixo da média dos demais na receita, apresentando R$431 milhões no 2T23, crescimento anual de 6,5% e queda trimestral de 2,7%. Por fim, as receitas de Interest & Others finalizaram o período em R$797 milhões, crescimento trimestral de 7%, refletindo o crescimento do patrimônio tangível do banco, sobre o qual incidem as taxas de juros.
“Positivo. Na nossa visão, o banco apresentou um resultado extremamente forte. Com bom desempenho na maior parte das linhas de receita, o BTG confirma cada vez mais o porquê do prêmio em relação aos demais bancos, considerando é claro, as particularidades inerentes ao seu negócio. Em linhas gerais, o banco conseguiu superar os números já fortes do consenso, mostrando que consegue operar e entregar resultado em praticamente qualquer cenário. Reafirmamos nosso posicionamento construtivo para a tese e acreditamos que o nome deve ser um dos grandes beneficiados no setor pelo corte de juros, considerando a retomada de atividade no mercado de capitais, aumento do apetite de crédito das grandes empresas, maior giro em S&T, retomada de performance no segmento de gestão, entre outros benefícios, mais que compensando um menor patamar de rentabilidade do PL.
Cury (CURY3)
Recorde de vendas gera recorde de receita líquida. A Cury reportou uma receita líquida de R$728mi (+5% vs Consenso), um novo recorde da companhia, impulsionada, principalmente, pelo maior volume de vendas (+11% T/T e +33% A/A), enquanto a combinação do aumento dos preços de venda com custos de construção estáveis conduziu a expansão da margem bruta para impressionantes 37.9% (+0.4p.p. vs Consenso), com um lucro bruto de R$276mi (+6% vs Consenso).
Cury registra lucro líquido recorde, forte geração de caixa. O crescimento controlado do SG&A da companhia em ritmo menor que o da receita líquida permitiu que a companhia aumentasse a sua alavancagem operacional, enquanto o seu resultado financeiro permaneceu estável, contribuindo para um lucro líquido recorde de R$124mi (+11% vs Consenso), com uma margem líquida de 17%. Para encerrar o trimestre com chave de ouro, a Cury reportou uma geração de caixa de R$109mi (+36% A/A), refletindo a assertividade do seu modelo de negócios asset light.
“Positivo. A companhia reportou um excelente resultado, superando todas as projeções do consenso.”
Totvs (TOTS3)
Na noite de ontem, após o fechamento do mercado, a Totvs divulgou seu resultado do 2T23. Em relação ao segmento de gestão, core business, o ARR, receita recorrente anualizada, finalizou o período em R$4,0 bilhões, um crescimento anual de 21% e trimestral de 2,9%, resultando em adição líquida de ARR de R$148 milhões. Tal número foi formado principalmente por volume (novas vendas), correspondendo a 85% do total da adição nos últimos 12 meses vs 82% no 1T23, mostrando que o efeito dos reajustes de preço vem sendo menos representativo em linha com os menores patamares de IGP-M e IPCA, anteriormente bastante representativo, algo já esperado. Com isso, o segmento entregou uma receita líquida de R$987 milhões, crescimento anual de 17,6%, puxada principalmente pelo avanço de 18,7% no período da receita recorrente para R$847 milhões.
Dessa forma, o segmento apresentou uma margem de contribuição ajustada de R$540 milhões, incremento anual de 18,9%, resultando em incremento de 1,2 p.p. durante o período na margem em relação a receita para 54,8%, refletindo a continuidade do crescimento da receita recorrente.
Em relação ao segmento de Business Performance, o que apresenta maior ritmo de crescimento, a receita líquida atingiu R$101 milhões no trimestre, evolução anual de 33,9% e trimestral de 10,0%. Em paralelo, a margem de contribuição alcançou R$50 milhões, crescimento anual de 37% e acréscimo de 1,1 p.p. na margem para 49,5%. A ARR do segmento fechou em R$435 milhões, acréscimo trimestral de R$30 milhões orgânicos e R$31 milhões inorgânicos.
Em relação ao segmento de Techfin, o grande destaque negativo, a receita líquida de funding caiu 8,5% no ano e 12,8% no trimestre para R$48 milhões, dada redução da produção de crédito da Supplier e prazo médio do crédito produzido. Na nossa visão, a principal atenção deve estar direcionada para os próximos resultados, uma vez que acreditamos que essa foto atual deve ser bastante modificada.
Com isso, a receita líquida da companhia encerrou o trimestre em R$1,1 bilhão, crescimento anual de 17,5% e trimestral de 1,5%, em linha com o consenso. No entanto, um acréscimo de despesas com a realização do evento Universo Totvs, maiores gastos com a força comercial e o pior resultado de Techfin fez com que a companhia ficasse um pouco atrás em EBITDA, entregando um ajustado de R$256 milhões, crescimento de 11,7% no ano, mas queda de 8,8% no trimestre. Por fim, esta entregou um lucro caixa de R$131 milhões, crescimento anaul de 3% e queda trimestral de 2%.
” Marginalmente negativo. Na nossa visão, o mercado deve questionar o EBITDA da companhia, que costuma expandir margens ao longo do tempo. No entanto, acreditamos que os motivadores para a compressão da margem EBITDA em 2,5 p.p. no trimestre para 22,6% não são preocupações que inviabilizem o case no longo prazo. Em outras palavras, acreditamos que o resultado de Techfin atual não deve ser parâmetro para mensurar a capacidade de geração de valor da JV com o Itaú, além do que os gastos com o Universo Totvs são não-recorrentes e podem favorecer a consolidação da marca e criação/estreitamento de relacionamentos com potenciais e atuais clientes. Dito isso, acreditamos que o bom resultado das demais frentes e a conjuntura macroeconômica atual são favoráveis a companhia, levando em consideração o ciclo de queda de juros que costuma favorecer cases com valuations mais esticados.”
Engie (EGIE3)
Na noite de ontem, após o fechamento do mercado, a Engie divulgou seu resultado do 2T23. Em resumo, a receita operacional líquida da companhia diminuiu 12,9% no ano para R$2,6 bilhões. Dentre os fatores que justificam essa queda, destaca-se a redução de 4,1% na quantidade de energia vendida em contratos, 4.253 MW médios, relacionada com a disponibilização de menor volume de vendas, destinado aos consumidores livres e a redução do volume de vendas às distribuidoras em decorrência da alienação da subsidiária Pampa Sul.
Houve uma queda de 36,6% na remuneração dos ativos financeiros de concessões para R$104 milhões, refletindo uma redução do IPCA, variável de remuneração, entre os períodos em comparação.
Dessa forma, o EBITDA ajustado da companhia finalizou o período em R$1,8 bilhões, uma queda anual de 5,2%, refletindo a redução dos volumes de vendas, a menor receita com a remuneração dos ativos de contrato e efeitos da revisão tarifária periódica dos ativos de transmissão.
Vale ressaltar que a companhia anunciou junto com o resultado um pagamento de dividendos no valor de R$767 milhões, um payout de aproximadamente 55% no semestre, correspondente a um yield de 2,2% utilizando com base o último preço de fechamento.
” Neutro. Na nossa visão, o resultado apesar de fraco foi em linha com o esperado. Acreditamos que a companhia tem boas oportunidades de crescimento no médio e longo prazo relacionadas principalmente a operacionalização dos projetos em andamento no segmento de geração, além do desenvolvimento dos projetos de transmissão, a exemplo do bloco arrematado no leilão de junho, e também pelo retorno do preço de energia a patamares mais elevados.”
3R Petroleum (RRRP3)
A 3R petróleo divulgou seu resultado do segundo trimestre e relatório de produção no mesmo dia. Abaixo apresentamos primeiramente a análise do relatório de produção.
Cluster Potiguar: A produção do Cluster cresceu 28,6% boe/d em relação ao mês anterior, devido ao primeiro mês completo de produção do Polo Potiguar e à melhoria contínua da eficiência operacional do Polo Macau.
Cluster Recôncavo: A produção do Cluster diminuiu 2,7% boe/d M/M, devido a restrições operacionais resultantes de intervenções para melhorar a integridade das instalações do ativo parcialmente compensada pelo aumento de produção no campo de Rio Ventura.
Polo Peroá: A produção do Polo aumentou 12,5% boe/d M/M, alinhada com a maior demanda por gás em julho.
Polo Papa Terra: A produção do Polo cresceu 4,7% bbl/d mensalmente, devido à melhoria progressiva da eficiência operacional das unidades.
No consolidado a produção cresceu 16% contra o mês passado. Todos clusters a exceção de Recôncavo tiveram aumento de produção, dois deles por conta de ganhos de eficiência. Espero uma reação positiva ao relatório de produção. Agora analisando o resultado do segundo trimestre de 2023. O trimestre foi marcado pelo closing do Polo Potiguar que representa aproximadamente 40% de todas reservas de óleo equivalente da 3R Petroleum.
“Neutro. Do lado positivo, o relatório de produção mostrou ganhos de eficiência. Do lado negativo, o lifting cost aumentou do 2T23. Ficamos otimistas em notar aumento dos investimentos que trimestres a frente podem se converter em ganhos de eficiência.”
Movida (MOVI3)
A Movida acabou de publicar o resultado do segundo trimestre de 2023. A frota do período caiu para 204 mil unidades, redução de 8,9 mil veículos em relação ao trimestre passado. Essa queda se deu pelo seu plano de foco em rentabilidade e renovação da frota. O principal segmento vendido foi o RAC enquanto o GTF apresentou aumento.
A companhia conseguiu manter sua alavancagem estável em 2,9x no período, sendo que seu covenant tem limite de 3,5x. Visto que o cenário deve melhorar daqui para frente, não vemos grandes riscos. A margem EBITDA cresceu para 7,7% no 2T23 frente a 5,9% do trimestre anterior.
“Positivo. A empresa atingiu seu objetivo de ter foco em rentabilidade. As margens vieram acima do esperado bem como o lucro do período. Espero uma reação positiva no dia de hoje.”
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