ANÁLISE: Itaú (ITUB4) e os resultados

Inadimplência manteve a estabilidade observada desde o 1T

Depois do fechamento do pregão, nesta segunda-feira, o Itaú divulgou seu resultado do 2T23, que veio em linha com a expectativa. Mais uma vez, o banco mostrou controle superior da inadimplência, responsável por manter a rentabilidade em patamar alto: o lucro líquido foi de R$ 8,7 bilhões (+14% anualmente), com ROE de 20,9% (+ 0,1 p.p. anualmente). Por outro lado, a receita de serviços decepcionou, fazendo com que a companhia revisasse para baixo a previsão de crescimento para essa linha no ano.

Crédito

A carteira de crédito expandida ficou em R$ 1,2 trilhão, com alta anual de 7%, e trimestral, de 1%, excluindo o efeito de variações cambiais. Os destaques foram as grandes empresas (+3% trimestralmente), o crédito pessoal (+4%) e o crédito imobiliário (+2%), os quais compensaram o menor apetite para pequenas e médias empresas (-0,2%). Importante destacar que a originação para pessoas físicas continua focada nos segmentos de alta renda (Uniclass e Personnalité), o que tem sido importante para garantir a qualidade do crédito.

O custo de captação mais baixo e as operações estruturadas para grandes empresas compensaram o efeito dos spreads menores das linhas de crédito conservadoras, que têm sido a prioridade do banco. Com isso, o spread médio foi de 8,8%, aumento de 0,1 p.p. na visão trimestral. Assim, a margem com clientes ficou em R$ 24,9 bilhões, crescimento trimestral de 4%.

Por sua vez, a inadimplência manteve a estabilidade observada desde o 1T, uma ótima notícia diante da contínua deterioração em Santander e Bradesco. O índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias ficou em 3,0% (+0,1 p.p. trimestralmente), e o mesmo índice para atrasos entre 15 e 90 dias, em 2,5% (estável). Com isso, o spread médio após inadimplência foi de 5,4% (+0,1 p.p. trimestralmente), traduzindo-se em uma margem com clientes após o risco de R$ 15,5 bilhões (+4% tri a tri).

Tesouraria

A margem com o mercado, que reflete o resultado da tesouraria, foi outro destaque positivo: ultrapassou a marca de R$ 1,0 bilhão, com alta trimestral de 66%, e anual, de 65%. Novamente, bem acima da performance dos demais bancões.

Serviços

A receita de serviços teve um desempenho mais fraco, com alta anual de 1%, para R$ 12,4 bilhões. Aqui, os fortes crescimentos das verticais de seguros (+18% anualmente) e de cartões (+11%) foram compensados pelas quedas em tarifas de conta corrente (-10%), administração de recursos (-10%) e investment banking (-18%). Diante desse desempenho, o banco diminuiu a expectativa de crescimento para os serviços, saindo de 7,5%-10,5% para 5,0%-7,0%. Do nosso lado, enquanto a queda em conta corrente parece mais estrutural, devido à maior concorrência, as partes de gestão de recursos e investment banking deveriam se recuperar gradualmente, com a queda da Selic.

Eficiência

As despesas operacionais cresceram de forma controlada, em 4% trimestralmente. Com isso, o índice de eficiência, que relaciona as despesas com a receita total, atingiu uma nova mínima histórica: 39,6%.

Rentabilidade e nossa visão

A resultante dessas forças foi um lucro líquido de R$ 8,7 bilhões, com ROE de 20,9%. Ainda, a companhia melhorou sua projeção para a alíquota efetiva de imposto de renda, que deve ficar entre 27% e 29% no ano fechado.

No todo, consideramos que esse foi mais um resultado sem surpresas para o Itaú, o que é muito positivo diante do ambiente ainda complexo para o crédito no Brasil. Olhando à frente, esperamos que a performance continue à frente dos pares, que ainda devem levar um tempo para limpar seus balanços. Dentre os bancões, ITUB4 continua como nosso top pick, negociando a um índice preço/valor patrimonial de 1,6x.

*Larissa Quaresma é analista da Empiricus Research

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