Os resultados do terceiro trimestre de 2023 revelaram uma perspectiva mais positiva sobre os desempenhos corporativos, mostrando que, mesmo diante de um cenário econômico desafiador, a maioria das empresas apresentou surpresas positivas em suas principais linhas de balanço.
A expectativa de queda dos juros contribui para um clima de otimismo no mercado, indicando que os investidores estão antecipando uma possível melhora nas condições econômicas nos próximos anos. Esse otimismo em relação à política monetária e às taxas de juros influencia positivamente as expectativas dos investidores, refletindo-se no desempenho das empresas e na confiança do mercado.
A combinação de resultados corporativos fortes com um cenário de juros decrescentes pode criar um ambiente favorável para o crescimento e a valorização das empresas, potencialmente impulsionando os mercados de ações nos próximos anos.
Situação desafiadora com surpresas negativas
A temporada de balanços do 3T23 mostrou um panorama animador para as empresas, com a maioria dos resultados estando em linha ou acima das expectativas do mercado.
Um aspecto notável foi o aumento significativo das surpresas positivas relacionadas às receitas, destacando a capacidade das empresas de superar previsões.
Este cenário de resultados favoráveis, especialmente em termos de receitas, sugere que as empresas se anteciparam e se adaptaram adequadamente a um cenário econômico mais desafiador. Essa preparação parece estar se traduzindo em resultados mais robustos, o que pode indicar uma tendência de melhorias contínuas nos próximos balanços.
A capacidade das empresas de se ajustar e até mesmo prosperar em condições desafiadoras reforça a tese de que elas estão bem posicionadas para colher frutos mais promissores nos próximos períodos. Esse desempenho fortalece a confiança dos investidores e pode influenciar positivamente as expectativas para os futuros ciclos de resultados financeiros.
Uma análise detalhada dos resultados corporativos do terceiro trimestre de 2023 revela tendências encorajadoras. Observa-se que o número de empresas com receita líquida que superou as estimativas aumentou significativamente, passando de 18% no segundo trimestre para 33% no terceiro trimestre do mesmo ano.
Quanto ao EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), a proporção de empresas que excedeu as expectativas também mostrou uma melhoria, alcançando 49%. Este aumento é um indicativo da eficiência operacional e da capacidade de geração de lucros das empresas. Além disso, a porcentagem de empresas cujo lucro líquido ultrapassou as expectativas subiu de 33% para 47%. Este crescimento no lucro líquido é particularmente significativo, pois reflete diretamente a saúde financeira e a lucratividade das empresas.
Na análise geral dos resultados corporativos das empresas listadas na bolsa brasileira indica uma tendência positiva, sugerindo um possível ponto de inflexão para receitas, EBITDA e lucro por ação. Além disso, observa-se uma queda no nível de alavancagem dessas companhias, conforme demonstrado pelos gráficos referenciados.
Este ponto de inflexão nas receitas, EBITDA e lucro por ação é um sinal encorajador de recuperação e fortalecimento nos fundamentos corporativos. A melhoria nesses indicadores pode ser reflexo de uma gestão eficiente, adaptação às condições de mercado e uma recuperação econômica gradual.
A redução na alavancagem, por outro lado, indica que as empresas estão focando na diminuição do seu endividamento e na melhoria da sua estrutura de capital. Este é um aspecto positivo, pois um menor nível de dívida pode levar a uma maior estabilidade financeira e a uma melhor avaliação de risco por parte dos investidores.
Essas tendências, ao serem combinadas, refletem um cenário promissor para o mercado acionário brasileiro, com empresas mostrando sinais de recuperação e fortalecimento em um ambiente econômico ainda desafiador.
Ao analisar os resultados das empresas focadas no mercado interno em comparação às exportadoras, percebe-se uma diferenciação nos desempenhos das linhas de balanço.
Para as empresas domésticas, a comparação trimestral revelou um crescimento nas receitas, mas uma queda no EBITDA, Lucro por Ação e alavancagem, sendo este último um destaque notável. A redução na alavancagem pode indicar um esforço das empresas em fortalecer sua estrutura de capital e reduzir o endividamento, o que é positivo para sua saúde financeira a longo prazo.
Por outro lado, as empresas exportadoras tiveram um trimestre de crescimento em receitas, EBITDA e alavancagem, mas com uma queda mais significativa no Lucro por Ação. Esse desempenho pode ser atribuído, em parte, às necessidades de maiores investimentos (aumento de Capex) e ao impacto da queda nos preços das commodities, que resultou em um produto sendo vendido por um preço menor no mercado internacional.
Estimativas de lucros futuros do Ibovespa revisadas para cima
Embora o cenário atual permaneça desafiador para este ano, o mercado demonstra um otimismo crescente em relação às expectativas de resultados para os próximos anos. Observando o Lucro por Ação (LPA) das empresas do Ibovespa, desde o início do ano, o LPA projetado para 2023 sofreu uma queda de 21%. No entanto, as projeções para 2024 e 2025 apresentam um quadro mais positivo, com um aumento de 7,75% e 12,24%, respectivamente.
Nos últimos três meses, as expectativas para o LPA em 2023 mostraram uma estabilização, com uma redução mínima de apenas 0,32%. Para 2024, o LPA esperado cresceu 2,5%, e para 2025, a previsão aumentou em 3%. Este ajuste nas projeções sugere que os investidores estão se tornando mais confiantes em relação à recuperação econômica e ao potencial de crescimento das empresas listadas na bolsa brasileira nos próximos.
*A análise é de Filipe Villegas estrategista de ações da Genial Investimentos
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