A reunião entre Sergei Lavrov e Dmytro Kuleba, ministros das relações exteriores de Rússia e Ucrânia, não terminou bem. A paz não foi alcançada, nenhum cessar-fogo foi acordado e tensões marcaram as conversas, que tiveram uma grande quantidade de ameaças por parte do ministro russo perante o mundo, principalmente a Europa.
Talvez a única notícia boa coisa que se possa dizer conversa tenha vindo do ministro de relações exteriores da Turquia, que disse que, durante a reunião, ao menos os dois diplomatas se respeitaram e não levantaram o tom de voz. Embora tenha sido a primeira vez que diplomatas dos dois países tenham se encontrado diretamente, Lavrov disse que os encontros não substituem as conversas principais, que estão ocorrendo em Belarus.
Kuleba pediu para que os russos deixem os ucranianos consertarem o grid elétrico para impedir algum acidente em Chernobyl, e deixem as usinas nucleares fora do conflito. Além disso, falou que é falsa a alegação russa que os ucranianos estão buscando fabricar armas nucleares – a Ucrânia foi desnuclearizada nos anos 90, mas domina boa parte das tecnologias necessárias, fruto do tempo de União Soviética. Por fim, Kuleba também disse que, embora seja o objetivo ucraniano de longo prazo entrar na OTAN, ele entende que isso não vai acontecer logo e nem em um futuro próximo.
Lavrov foi um pouco mais duro que seu equivalente ucraniano. Reclamou das medidas que estão sendo tomadas contra russos no resto do mundo: propriedade privada de russos foi tomada em diversos países, atletas do país estão impedidos de participar de competições e há muita hostilidade contra a cultura russa de maneira geral – russos foram excluídos de empregos no ocidente, faculdades cancelaram cursos sobre autores e filósofos russos e até mesmo um bar no centro de São Paulo resolveu banir um prato de origem russa.
O diplomata russo disse que desde o começo a Rússia queria uma solução pacífica e diplomática, mas citou medidas anti-russas aprovadas na Ucrânia desde a Euromaidan em 2014, citando uma grave tentativa de apagar “a cultura e língua russa” da Ucrânia. Mais de 20% da população ucraniana fala russo como linguagem principal e a parte leste do país sempre foi muito alinhada com Moscou. Contudo, Lavrov disse que isso não foi possível e que os acontecimentos dos últimos anos, como a tentativa da Ucrânia de entrar na OTAN, fizeram com que a invasão se tornasse necessária.
Sobre a exclusão da Rússia da economia mundial, o diplomata disse que nunca foi a intenção usar petróleo e gás natural como armas, mas que se a Europa quiser bloquear a importação das commodities russas, isso não será um problema – o país já encontrou “outros mercados”, conforme vem expandindo sua parceria com os chineses. Depois da reunião, o governo russo editou uma norma regulando a proibição de exportação de 200 tipos de produtos diferentes, entre eles bens de tecnologia, telecomunicações, médico, automóveis, equipamentos eletrônicos e, afetando o Brasil diretamente, bens agrícolas e para o agronegócio – há uma preocupação muito grande sobre a questão dos fertilizantes por aqui.
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