O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve presente nos estúdios Globo, no Rio de Janeiro, para participar de uma sabatina realizada durante o Jornal Nacional (JN).
Com duração de quarenta minutos (39 minutos de perguntas e respostas e 1 minuto para uma mensagem final do candidato), a sabatina contou com temas variados, com enfoque nos 14 anos de gestão petista à frente do Planalto: os escândalos de corrupção na Petrobras e em outros órgãos da administração pública federal; a crise econômica de 2015-2016; autonomia de autarquias e Ministério Público; a Operação Lava Jato; o meio ambiente; e a governabilidade no Congresso, entre outros tópicos transversais.
Com relação à audiência, o petista teve maior plateia na comparação com a sabatina de Ciro Gomes (PDT), mas ficou abaixo da média registrada durante a entrevista do atual presidente, Jair Bolsonaro – tanto na Grande São Paulo quanto no Painel Nacional de TV, que mensura as 15 maiores regiões metropolitanas do País. A audiência teve média de 31,4 pontos durante a entrevista (1 ponto equivale, aproximadamente, a 206 mil espectadores).
Tendo passado por intenso treinamento de mídia nos últimos dias, Lula ignorou as perguntas mais incisivas dos entrevistadores e optou por buscar conexão direta com o público – se voltando às câmeras, diretamente, em diversos momentos. Vale observar, por outro lado, que o clima mais beligerante observado durante a sabatina do atual presidente não se repetiu, podendo dar espaço para críticas da ala governista sobre a postura do editorial do JN.
De acordo com os interlocutores do ex-presidente, o balanço foi considerado positivo, principalmente pela admissão de corrupção na Petrobras – em que pese a narrativa de que o escândalo foi deflagrado apenas porque seu governo implementou uma série de medidas anticorrupção. Outro ponto positivo se referiu à divulgação de propostas que permitiriam a a redução do nível de endividamento da população, em claro aceno ao eleitorado de Ciro Gomes (PDT).
Análise Levante
No campo negativo, o petista escorregou na sabatina ao atacar diretamente o agronegócio brasileiro, classificando parte do setor como “fascista” e “direitista” e afirmando que ele seria prejudicial ao meio ambiente. Ainda, sua defesa sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) gerou repercussão negativa nas redes por meio de claras críticas orquestradas pelo bolsonarismo.
Por fim, vale mencionar o destaque que Lula deu ao seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), em claro esforço para demonstrar mais moderação e diálogo com setores historicamente mais afastados do petismo.
O ex-presidente Lula também não deve ter conquistado votos somente após a sabatina, mas claramente acenou à parcela de indecisos ao adotar tom moderado e pacificador, sem deixar de incluir uma certa dose de ‘mea’ culpa sobre os principais problemas das gestões petistas.
Não faz sentido, entretanto, comparar a sabatina com a de Jair Bolsonaro – já que o próprio petista pôde, a partir da sabatina com o presidente, se preparar com mais cautela. No geral, o quadro eleitoral é de estabilidade e os dois cumpriram, de modo satisfatório, com seus objetivos nas respectivas sabatinas. Em meio às reações mistas do mercado, a tendência é de leve pessimismo para o pregão desta sexta (26).
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