O presidente da República Jair Bolsonaro (PL) esteve presente nos estúdios Globo, no Rio de Janeiro, para participar de uma sabatina realizada durante o Jornal Nacional (JN).
Com duração de 40 minutos, sendo 39 minutos de perguntas e respostas e 1 minuto para uma mensagem final do candidato, a sabatina contou com temas variados: desde as urnas eletrônicas e o processo eleitoral, passando pelo meio ambiente, economia, Congresso e educação, à gestão do governo na pandemia.
Por conta da presença do presidente, o JN contou com recorde de audiência no ano, tanto na Grande São Paulo quanto no Painel Nacional de TV, que mensura as 15 maiores regiões metropolitanas do País.
A audiência teve média de 33 pontos durante a entrevista (1 ponto equivale, aproximadamente, a 206 mil espectadores), que estava sincronizada com 49% das TVs ligadas no horário. Em comparação com 2018, o resultado fica 1 ponto percentual acima da audiência.
Questionado, por exemplo, sobre a lisura do processo eleitoral, o atual presidente se prontificou a aceitar o resultado das eleições de 2022 desde que elas sejam “limpas” e “transparentes”. Admitiu, porém, ter atacado os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), mas que as divergências e farpas entre os Poderes são uma “página virada” com “tudo pacificado” após o ministro Alexandre de Moraes ter assumido o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Do lado dos entrevistados, William Bonner e Renata Vasconcellos – âncoras do Jornal Nacional – adotaram tom duro e de confronto, na mesma esteira de outras sabatinas do JN em eleições passadas. Essa é uma opção jornalística da própria rede Globo, mas o tom “inquisitório” da conversa chamou a atenção daqueles que acompanharam o evento.
Por outro lado, o presidente conteve sua personalidade mais explosiva e evitou qualquer tipo de gafe ou tropeço que o pudesse prejudicar sob os olhos de uma ampla audiência.
Quando foi apertado em temas que geram polêmica, procurou se esquivar com respostas evasivas e, ao fim da entrevista, reforçou que esteve à vontade quando declarou estar surpreso que o tempo havia acabado: poderia “ficar mais duas horas”
com Bonner e Vasconcellos.
Análise Levante
Nem tanto ao céu, nem muito à terra. A presença do atual presidente da República não deve trazer grandes impactos para a dinâmica de intenção de votos. Por lógica, seus apoiadores devem propagar a entrevista como uma vitória, utilizando recortes de parte das respostas de Bolsonaro, e seus opositores devem pontuar as falhas e mentiras da narrativa empregada pelo presidente.
Ao cabo, os mais visados – os eleitores indecisos – apenas assistiram a uma entrevista truncada, sem grandes novidades de ambos os lados: da postura do JN e da reação do presidente. Nos bastidores, a equipe de campanha do atual governo sai satisfeita por ter “passado imune” ao teste de fogo.
Por outro lado, vale ressaltar a mudança de postura de Bolsonaro em relação às suas prioridades para a campanha. Sem deixar os temas e opiniões polêmicas de lado durante a sabatina, no minuto final a ele concedido, fez questão de apenas citar conquistas e avanços de seu governo – plantando, assim, a imagem que deve ser desenvolvida durante a campanha e nas peças de propaganda: a de responsável por diversas melhorias no País, muito além do personagem ideológico.
Para os mercados, o fato de não ter havido nenhuma gafe ou prejuízo maior para o presidente reforça a percepção da entrevista como “não-evento”, mas aqueles mais alinhados com a atual gestão tendem a classificar a entrevista como positiva.
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