Política: Analistas e o primeiro debate

Grande destaque positivo da noite ficou por conta de Simone Tebet

Foi na noite deste domingo (28/08), o primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República nas eleições de 2022. Promovido por um pool de veículos da imprensa (TV Bandeirantes, TV Cultura, Folha de São Paulo e UOL), o encontro carregava altas expectativas por – após muito suspense e uma série de reviravoltas – ser o primeiro deste ciclo eleitoral e por ter a presença de todos os presidenciáveis.

Com duração de cerca de duas horas e meia, o evento na TV Bandeirantes ficou marcado pelo protagonismo das duas candidaturas femininas (Simone Tebet, do MDB, e Soraya Thronicke, do União Brasil), pelo fraco desempenho do ex-presidente Lula (PT) e pelo desempenho misto de Jair Bolsonaro (PL), que foi bem no embate direto com o petista, mas muito infeliz ao atacar, diretamente, uma jornalista na resposta à sua pergunta durante o segundo bloco.

O grande destaque positivo da noite ficou por conta de Simone Tebet. A senadora conseguiu fazer perfeito uso de seu tempo, se apresentou como uma alternativa pacificadora e, quando provocada, foi dura na medida correta contra os seus adversários – tanto Lula quanto Bolsonaro.

O ex-presidente, por sua vez, começou o debate muito apagado e se esquivou, ao contrário do que havia feito na sabatina do Jornal Nacional, da pergunta feita pelo atual presidente sobre corrupção na Petrobras – tema muito caro ao eleitorado brasileiro. O petista demorou para entrar no debate e poupou ataques aos seus adversários, criticando Bolsonaro apenas no último bloco.

Orientado a não buscar o embate, Lula se perdeu ao atacar Ciro Gomes (PDT) e saiu como um dos derrotados neste primeiro encontro – deixando para trás a suposta vantagem que havia conquistado no bom desempenho durante a sabatina na última semana. Já o pedetista confirmou que é um excelente orador, mas foi ofuscado por melhores performances e não deve sair com votos a mais após o debate.

Já o atual presidente, Jair Bolsonaro, tinha a faca e o queijo na mão para se sobressair no encontro. No primeiro bloco, atacou diretamente o ex-presidente Lula, seu principal adversário, e fez o tradicional apelo ao seu núcleo duro ao tratar de temas como Supremo Tribunal Federal. No entanto, no segundo bloco, errou ao atacar a jornalista que havia feito uma pergunta sobre vacinas – abrindo enorme espaço para ser criticado pelo seu comportamento errático com mulheres, eleitorado importantíssimo para suas pretensões de vitória nestas eleições.

O clima do debate foi tenso, truncado e com grandes repercussões para os brasileiros que o assistiram.

Apesar de ser verdade, defendida por evidências empíricas e literatura especializada, que o debate tende a mudar pouco, ou quase nada, dos votos durante a corrida eleitoral, a única candidata que pode ter furado sua “bolha” de eleitores é Simone Tebet, do MDB.

Ficam, portanto, as expectativas dos possíveis efeitos do encontro nas próximas rodadas de pesquisas, especialmente em nichos do eleitorado – como, por exemplo, Bolsonaro com as mulheres; Lula com setores de alta renda, em função de sua escorregada em relação ao agronegócio; entre outros possíveis recortes. No geral, Bolsonaro se saiu melhor, mas jogou grande parte da vantagem no lixo com uma espécie de autossabotagem, e Lula contou com alguma sorte, já que viveu noite bastante apagada e frustrou grande parte de seu eleitorado.

Todas as informações são dos analistas da Levante Corp

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