“Nubank precisa crescer 50% no ano”, alerta Bradesco que vê queda de 45%

Ações estão caras e não permitem que o Nubank cresça menos que 50% ao ano

O Bradesco BBI começou a cobertura do Nubank (NUBR33) com recomendação de venda, prevendo uma queda de até 45% nas ações negociadas em Nova York, para US$ 5. A variação pode ser até mais agressiva aqui no Brasil, onde o preço BDR também reflete o dólar.

Nenhum dos grandes bancos que cobrem o Nubank recomenda a compra – BTG e Itaú BBA recomendam a venda das ações. E o mercado tem compartilhado desse pessimismo: os BDRs caíram mais de 50% desde a máxima histórica, e embora tenham recuperado um pouco, ainda estão longe do patamar do IPO.

De acordo com os analistas Gustavo Schroden, Otávio Tanganelli e Eric Ito, o Nubank está em uma situação muito difícil – e o preço da ação não permite nenhuma desaceleração, o que eles acham difícil diante do ambiente econômico atual.  “Ou o Nubank continuará a expandir empréstimos em impressionantes 50% a 60% no ano – assim correndo o risco de grave deterioração da qualidade dos ativos – ou precisará reduzir o crescimento, arriscando perder clientes”, escreveram.

Há dois grandes desafios para o Nubank: há uma preocupação com a qualidade dos ativos e com o mix de clientes da empresa, que tem menor poder aquisitivo – abrindo espaço para desafios de lançar novos produtos no futuro. Eles não possuem dúvidas de que a proposta do Nubank é vencedora: o banco digital alcançou 50 milhões de clientes em 10 anos, metade do tamanho do Itaú, e é um dos primeiros bancos verdadeiramente digitais do Brasil.

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O Nubank está caro demais

O que alimentou esse crescimento, porém, volta para assombrar o Nubank. A empresa cresceu com cartão de crédito, sem anuidade, para jovens e clientes de baixa renda – o que dificulta o lançamento de novos produtos. Mas a companhia no momento tem uma sólida carteira de crédito e quer expandir para 110 milhões de clientes.

Se isso ocorrer, o Nubank deverá começar a pagar dividendos em aproximadamente cinco anos, com um payout de 30% – ou seja, transferindo 30% do lucro para seus acionistas. Esse número deverá crescer lentamente até chegar em 70% em 2032. O que atrapalha é o valuation do banco: até agora eles negociam a US$ 882 por cliente, contra US$ 519 do Itaú – que atualmente consegue extrair mais lucro de seus clientes, o que deve permanecer no futuro.

A economia também é uma preocupação para os analistas do Bradesco, que, neste ponto, concordam com os analistas do Itaú BBA e BTG. O baixo crescimento em 2022 e a alta dos juros prejudica o desempenho da empresa – desemprego e aumento de juros são dois fatores que jogam a inadimplência para cima. Para continuar recebendo a cobertura do mercado diretamente no seu WhatsApp, além de receber matérias, relatórios e ebooks, basta clicar aqui para entrar nos nossos grupos.

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