IPOs 2021: 5 dicas para o investidor ganhar dinheiro na B3 (B3SA3)

Fabrizio Gueratto é colunista, youtuber e financista. Escreve neste espaço regularmente

O ano de 2021 já demonstrou ter terreno fértil para os IPOs. Só em janeiro, quatro empresas abriram seu capital. Até agora, fevereiro já contou com a oferta de 10 empresas dos mais variados setores. Entre elas, há empresas de varejo, educação e tecnologia. Porém, dentre essas, duas companhias se destacaram: Intelbras (INTB3) e CSN Mineração (CMIN3).

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Neste ano atípico, é necessário que aprendamos a diferenciar as boas oportunidades de IPOs, das ciladas. De antemão, precisamos lembrar que uma empresa possui uma série de motivos para abrir o capital, entre eles, a captação de recursos para o caixa da empresa e visibilidade pública. Por este motivo, o investidor precisa ficar atento ao planejamento da empresa em que deseja investir, pois, uma vez comprada a ação, uma pequena parte da companhia passa a pertencer ao investidor.

Para melhor compreensão, convidamos a diretora de mercado de capitais da Black Financial, Tuanny Blumer, para indicar os cuidados que devemos tomar quando analisamos um IPO na B3 (B3SA3).

O que é e como funciona a estreia de uma empresa na Bolsa, o chamado IPO?

Eu chamaria de “A noiva em um casamento”, pois é um dos acontecimentos do mercado financeiro acompanhados mais de perto pelos investidores, além de ser o maior evento que acontece por parte da empresa. O IPO marca a estreia da corporação na Bolsa de Valores, o que costuma despertar curiosidade e interesse.

A emissão de ações é uma das maneiras que as empresas têm para levantar recursos. Para se tornarem acionistas de uma companhia, os investidores precisam comprar os papéis através de uma corretora, entregando dinheiro em troca da tal sonhada ação. Quanto ao sócio desta empresa, ele quer vender as suas ações ao mercado e as transformar em dinheiro no bolso. Quando abre o capital, uma empresa precisa adequar seus processos internos e elevar tremendamente o nível de transparência sobre suas operações e resultados.

Isso normalmente tem dois resultados. O primeiro é um ganho de credibilidade, já que o mercado entende que uma companhia aberta apresenta um grau de governança corporativa mais elevado. O segundo é a projeção elevada e reconhecimento público, decorrentes da maior visibilidade na mídia e do acompanhamento recorrente por investidores e analistas.

Com ou sem crise, boom de IPOs brasileiro deve continuar?

As perspectivas políticas e econômicas do país podem estar incertas, mas a bolsa de valores vem demonstrando um viés amplamente positivo para o ano de 2021, a prova disso são as dezenas de empresas listadas na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) aguardando análise para realizarem as ofertas primárias ou secundárias. Chamamos de Oferta Primária o famoso IPO, que tanto vem sendo falado nesses últimos meses. A Oferta Secundária é denominada de Follow-on (oferta subsequente à oferta inicial).

Portanto, sim, o boom de IPOs vai continuar, e acreditamos que 2021 possa ser o ano recorde de ofertas na bolsa. O mercado projeta algo em torno de 100 Operações, o que seria ainda maior do que os IPOs realizados em 2007.

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Qual a diferença do boom de IPOs de 2020/2021 e 2007?

A diferença entre os anos são os cenários da economia, dos negócios e do próprio perfil do mercado de Capitais brasileiro, por exemplo:

  • Juros: a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, começou 2007 em 13,5% (finalizando o ano em 7%), mesmo assim se tratava de um nível muito superior aos atuais 2%, que hoje atingiu o menor nível da história. Sabemos que com a Selic em baixa, os rendimentos de Renda Fixa se tornam menos rentáveis fazendo que os investidores procurem por alternativas mais arriscadas, assim chegam à bolsa de valores.
  • Pessoa Física na bolsa: como falamos acima, devido a Selic baixa, a participação de pessoas físicas na bolsa é maior hoje do que há 13 anos. Havia 456,5 mil pessoas físicas na bolsa brasileira no fim de dezembro de 2007, número que chegou acima de 3 milhões em 2021, um recorde, segundo as estatísticas da B3.
  • Investidor Estrangeiro: em 2007, 90% do dinheiro vinha de investidores de fora do Brasil. Isso mudou em 2020, hoje, os estrangeiros detêm somente 36% da fatia dos IPOs, o que já consideramos um grande feito. O que precisamos é que o brasileiro tenha educação financeira de base para que ele possa enxergar e construir um caminho futuro sem depender de aposentadoria, e virar sócio de empresas listadas na Bolsa de Valores.
  • Influencer Digital de Economia: Hoje as pessoas estão mais tempo no celular e no computador, e isso faz com que o acesso a esse tipo de informação seja ampliado. Qualquer coisa que você queira saber sobre fundos, ações, juros, taxas, você acha alguém explicando de forma clara na internet. Fora que temos cursos gratuitos para formação de investidores nos sites da B3 (Bolsa brasileira), Anbima, CVM etc.

Teremos o boom de IPOs do Agro Brasileiro?

Provavelmente, pois nós sabemos que o Agro é uma das partes mais importantes da economia brasileira. O Agro se manteve por muitos anos em ofertas de emissão de títulos de Renda Fixa, como o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA). Segundo números da Anbima, as emissões de CRA no Brasil somaram R$ 5,7 bilhões de reais no primeiro semestre de 2020.

Mas temos expectativa de um ciclo de alta das commodities, pois mesmo num ano de recessão, como foi 2020, provocado pela pandemia do Covid-19, empresas com negócios ligados a diferentes segmentos do agronegócio listaram seus pedidos de abertura de capital na CVM. Esse movimento mostra a percepção das empresas de que há uma lacuna a ser preenchida na bolsa brasileira, da mesma forma como fazem os gigantes da carne.

Fora isso, acredito que o interesse de investidores em questões ambientais dentro do conceito ESG, também ajudou a formar um ambiente propício para empresas nacionais. Na minha opinião, é sempre bom diversificar os IPOs mesmo que dentro do setor do agro, incluindo proteína animal, biotecnologia, manejo e posse de terras, maquinário, entre outras.

Por que as ações dos IPOs estão supervalorizando durante a estreia na bolsa?

Temos observado que as empresas que têm se supervalorizado são empresas que possuem boa gestão e um bom modelo de negócio. O mercado está comprando tudo nessa onda de IPO, estão fazendo da mesma forma que aconteceu no ano passado, após a retomada. As pessoas acabam fazendo grandes reservas, pois como está tendo muito dinheiro “na praça”, eles não sabem onde alocar, e isso faz com que as empresas se aproveitem dessa liquidez do mercado. Mas o que está impulsionando esse efeito hoje, é o chamado “Fear of missing out” (FOMO), que significa o medo de ficar fora ou o medo de perder algo, aqui no caso de uma oferta que está sendo um sucesso, e as pessoas acabam seguindo o famoso efeito de manada.

Quais dicas você daria para os investidores que vão comprar ações em IPOs e Follow-on?

A coisa mais importante: toda atenção deve ser dada ao prospecto do IPO. O documento ajuda o investidor a identificar as vulnerabilidades, já que as empresas são obrigadas a revelar os riscos de seu negócio (seção Fatores de Risco). Além disso, o documento possui uma das informações mais importantes, que se localiza na seção “Destinação dos Recursos”, pois através dela você vai conhecer o que a Companhia fará com os recursos levantados no IPO. Você tem que se esforçar mais para ter informação, realmente estudar a companhia, uma vez que você se tornará um acionista, e, desse modo, será dono de parte dela.

É importante manter atenção ao histórico geral da empresa, por exemplo, meses antes de lançar um IPO. Algumas empresas contratam nomes de peso para cargo de CEO e CFO, fazendo assim, um cenário de maior credibilidade para ter maior entrada na bolsa, captando mais investidores. E também existem empresas que querem estar na bolsa somente por questão de marketing, de reconhecimento.

A principal vantagem de um IPO é poder investir numa empresa que está recebendo aportes de recursos, pois os principais benefícios da abertura de capital é reforço de caixa, maior lucro para os proprietários, fortalecimento da governança corporativa, visibilidade de mercado, possibilidade de crescimento acelerado etc.

Você poder comprar as ações antes delas chegarem ao mercado também pode significar uma compra de papéis por um valor menor do que no primeiro pregão. Porém, a dica mais valiosa de todas é nunca esquecer de diversificar e controlar a exposição do patrimônio aos riscos dos investimentos.

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