As transações de M&A (sigla para fusões e aquisições) do varejo alimentar no mercado brasileiro cresceram 30% em 2022 na comparação com o ano anterior. É a terceira alta anual do segmento, que registrou um resultado acumulado de 116%, em relação ao período pré-pandemia (2019), segundo levantamento da Unio Partners, boutique de assessoria financeira com prática de M&A.
“As principais razões para esse movimento no varejo alimentar estão relacionadas a teses de consolidação lideradas por diferentes fundos de private equity com investimentos no setor e ao movimento de expansão das grandes redes, que se capitalizaram no período pré-pandemia e retomaram a estratégia de crescimento inorgânico, iniciando um ciclo mais agressivo de expansão”, explica o sócio da Unio Partners, João Albanese.
O grupo Carrefour tem se destacado nesse sentido. Entre 2020 e 2022, fez movimentos importantes, como a aquisição do Grupo BIG Brasil pelo valor inicialmente anunciado de R$ 7,5 bilhões, e a compra das lojas da rede Makro por R$ 1,95 bilhão. A estratégia é ampliar a presença da marca nas regiões Nordeste e Sul e entrar no modelo atacarejo.
Em 2021, o Assai anunciou a compra de 71 pontos comerciais da bandeira Extra Hiper.
Em 2022, o grupo Mart Minas decidiu expandir as suas fronteiras e adquiriu a rede carioca Dom Atacadista, maior companhia regional do segmento atacado e varejo do estado. Ainda em Minas Gerais, em 2021, a rede Supermercados BH adquiriu 14 pontos comerciais de varejo de autosserviço do grupo Supermercados Sales. No interior de São Paulo, os grupos Savegnago e Peralta firmaram um acordo de troca de ativos que envolveu o Shopping Passeio São Carlos e 14 lojas da rede de supermercados Paulistão.
As marcas Mart Minas e Carrefour ocupam o 1º e 5º lugares, respectivamente, no ranking dos supermercadistas que mais cresceram em 2022, realizado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
O levantamento da Unio Partners também mostra que desde 2015 o número de M&As vem crescendo no varejo alimentar, registrando cerca de 65 operações no acumulado até 2022.
Para o especialista, esse movimento de consolidação deve reaparecer a partir do segundo semestre de 2023, com melhores perspectivas sobre o cenário econômico e político, e tracionar o mercado de M&A no início do próximo ano. “Mesmo com os desafios enfrentados recentemente, principalmente em virtude da pandemia, as empresas estão reativando os seus planejamentos estratégicos, que foram pausados na segunda onda da Covid-19, mas ainda com cautela, aguardando algumas definições como a sinalização da política monetária no novo governo. Quem já estava avançado no processo para transação seguiu performando mesmo na crise”, concluiu Albanese.
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