O ano de 2023 foi marcado por diversos “acontecimentos históricos”. No cenário internacional, tivemos a deflagração e continuidade de eventos geopolíticos na Europa e no Oriente médio, a constante surpresa positiva nos dados de atividade dos Estados Unidos, que surpreendeu o mercado e levou o FED a elevar os juros ao patamar de 5,25% – 5,50%, acima dos 4,75% que eram previstos anteriormente.
O aumento dos juros levou à quebra de dois bancos regionais nos Estados Unidos em maio, aumentando a cautela dos Investidores.
Finalizando o ano, tivemos o estresse na curva de juros de 10 anos dos Estados Unidos, que aumentou a aversão ao risco em todos os mercados. A abertura dos juros foi influenciada por preocupação com o fiscal americano e pela política monetária adotada por Japão e China, países que detém parte relevante dos títulos do Tesouro Americano.
Na China, iniciamos o ano com duras políticas de COVID-zero, que geraram mobilização popular no país e tiveram severas consequências econômicas. O saldo do pós-pandemia foi uma atividade econômica mais fraca e um setor imobiliário com problemas para honrar com suas dívidas. Esse cenário levou o Governo chinês a realizar diversas rodadas de estímulos, para tentar acelerar a atividade econômica e o consumo.
No Cenário Nacional, o grande destaque foi a mudança na estrutura fiscal do país. Começamos o ano sabendo que o “Teto de Gastos” seria substituído por um Novo Marco Fiscal. A mudança fiscal trouxe incerteza ao mercado no início do ano, mas o Arcabouço Fiscal trouxe um texto um pouco melhor do que era esperado pelo mercado, o que contribuiu para melhora nas expectativas de inflação.
A melhora nas expectativas, junto com o arrefecimento da inflação, permitiu que o COPOM iniciasse o ciclo de queda na Selic. Lembrando que o Banco Central do Brasil iniciou o aumento nos juros adiantado em relação às economias desenvolvidas.
Sendo assim, por conta das surpresas que tivemos durante o ano, a postura dos investidores foi mais cautelosa. Para o ano que vem, com a perspectiva de corte de juros nos Estados Unidos e continuidade de corte na taxa Selic, espera-se que o cenário se torne mais atrativos a ativos de risco. Vale ressaltar, que em qualquer cenário, o investidor deve manter uma carteira diversificada e de acordo com seu perfil de risco.
* André Meirelles é diretor de Alocação & Distribuição da InvestSmart XP
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