ANÁLISE: Inflação IPCA-15 de dezembro

Número fica acima das estimativas

O IPCA-15 de dezembro registrou alta de 0,40%, acima da nossa projeção de 0,29% e da mediana da Bloomberg de 0,25%. A estimativa mais alta da Bloomberg estava em 0,30%. Com isso, o IPCA-15 fechou o ano de 2023 com 4,72% de variação.

A leitura do IPCA-15 de dezembro trouxe surpresa altista disseminada em itens da inflação subjacente. Nossa avaliação é que a análise prospectiva de desaceleração de serviços não muda, porém, o olhar cauteloso e a luz amarela devem permanecer acesos.

Dos itens subjacentes que mostraram inflação mais alta que esperado, destacamos: conserto de automóveis, hotel, serviços bancário e restaurante. Itens que podem ter influência sazonal, no entanto vale destacar que a mediana dessazonalizada, com os dados de hoje, aponta aceleração para 6% de 4,35%. As medidas de núcleos, que buscam capturar a tendência dos preços, desconsiderando distúrbios resultantes de choques temporários, aceleraram. A métrica de difusão de serviços dessazonalizada (medida que mostra o percentual de itens com aumentos de preços) mesmo em sua volatilidade padrão, apresentou aceleração pela terceira leitura seguida e ficou acima de 65%.

É verdade que a maior surpresa altista do IPCA-15 veio de passagem aérea que apresentou variação de 9%, enquanto as coletas indicavam deflação. Em relação ao que esperávamos, este item contribuiu com 11 bps do nosso erro. Passagem aérea é bastante volátil e tem trazido surpresas relevantes ao longo do ano. Encerrou 2023 com alta de 47%. De qualquer forma, mesmo excluindo esta surpresa altista, entendemos que o qualitativo do número de hoje não foi bom. Das surpresas para baixo, destacamos itens voláteis como os alimentos (apontou alta de 0,55% e esperado 0,90%) e o perfume ( -1,70%). Da alimentação no domicílio, carnes, in natura (tubérculos) e leite foram os destaques.

Para frente, nossa projeção de dezembro que estava em 0,35% revisamos para 0,45%, com isso o ano encerraria em 4,51%, dentro do intervalo da meta. Para 2024, nossa projeção é de 4,1%, levando em consideração o efeito do fenômeno climático El niño.

*Andréa Angelo, Guilherme Gomes e Viniccius Valentim são analistas da Warren Rena.

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