ANÁLISE: Quebra do SVB?

Prioritariamente as aplicações eram em títulos de Renda Fixa

O SVB* (Silicon Valley Bank), até a semana passada, era o 16º maior banco dos Estados Unidos e muito conhecido por ter diversas empresas de Venture como clientes. Durante a pandemia ocorreu um boom de start-ups e o SVB recebeu muitos depósitos dos seus clientes. Estima-se que, somente no primeiro trimestre de 2020, o banco tenha recebido mais de U$ 60 bilhões em depósitos.

Como os depósitos foram aplicados pelo SVB?

O SVB, prioritariamente, aplicava em títulos de Renda Fixa com taxa prefixada e um prazo médio de aproximadamente 6 anos. Porém, o SVB carregava em seu balanço os ativos marcados na curva (preço de aquisição) e não a mercado (preço de venda).
Essa combinação seria particularmente preocupante em um ambiente de alta nas taxas de juros de mercado e necessidade de cobrir os resgates dos clientes. Lembrando que quanto maior a taxa de juro do mercado, menor o preço de venda dos ativo.

A tempestade perfeita

O Fed, banco central americano, vem aumentando a taxa de juros da economia desde 2022. A taxa saiu do intervalo de 0% a 0,25% ao ano para o intervalo de 4,5% a 4,75% ao ano.

No entanto, a alta do juro americano, além de impactar negativamente os valores dos ativos do SVB, gerou outro importante impacto. As empresas de Venture Capital passaram a captar cada vez menos recursos e tiveram que utilizar o seu caixa. Utilizar o caixa significa resgatar recursos do banco.

A combinação acima implicou na necessidade do SVB reconhecer perdas.

Quais foram as ações anunciadas pelo Fed/Tesouro/FDIC?

Garantir todos os depósitos no SVB, independente do valor, disponíveis para saques a partir de hoje.

Criação de uma nova linha de crédito que oferece empréstimos de até um ano para bancos, colateralizados pelo valor do principal de títulos públicos e de hipotecas, ou seja, sem levar em consideração eventuais desvalorizações dos mesmos.
Promessa de endereçar qualquer problema de liquidez nos mercados.

Quais são as implicações nos portfólios?

Do ponto de vista de nossos portfólios, dada nossa preocupação com diversificação e controle de riscos, não há qualquer efeito material direto pela quebra do SVB. De forma indireta, os mercados ficaram mais voláteis e defensivos, resultando na desvalorização das  ações e valorização de ativos mais defensivos, como a renda fixa.

Qual a visão do nosso time de alocação sobre os investimentos?

Olhando para a frente, vemos algumas consequências mais diretas e imediatas, como por exemplo sobre o ritmo de aumento de juros pelo Fed. Se no início da semana passada o mercado havia revisado suas expectativas para um aumento maior, de 0,5% na próxima reunião (22), hoje o mercado precifica um aumento de 0,25% e cortes de juros a partir de julho (vs anteriormente janeiro/24). Essa mudança de expectativas ilustra a dificuldade do Fed em executar um mandato onde a inflação precisa ser combatida, ao mesmo tempo que o mercado de trabalho deveria estar em condições de pleno emprego (e o sistema bancário estável).

As mudanças de condição devem ser prejudiciais ao resultado dos bancos regionais nos Estados Unidos, que devem ter suas margens reduzidas, na medida que deverão aumentar os retornos oferecidos aos seus clientes para manter e atrair depósitos. No S&P500, o peso agregado desse tipo de banco é de menos de 0,80% do índice. Ou seja, o impacto sobre o crescimento de lucros no índice é bastante reduzido.

Em nossa visão, o cenário já era bastante desafiador. Continuamos adotando taticamente uma postura mais defensiva, mantendo nossos níveis de caixa mais elevados e nossa alocação em ações abaixo do que seria normal no longo prazo.

Seguimos atentos para, conforme o cenário se desenvolva nas próximas semanas, realizar os ajustes que se fizerem necessários.

*Análise da Equipe de Warren Insights

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