ANÁLISE: IPCA e os resultados

IPCA de março variou 1,62%, consideravelmente acima da nossa expectativa (1,39%) e da mediana do mercado (1,35%);

IPCA em 12 meses acumula alta de 11,30%;

Este resultado coloca viés altista para nossa projeção de inflação no ano (atualmente em 7%) e nossa projeção de SELIC (12,75%).

Comentário:

O IPCA de março variou 1,62%, acima da nossa expectativa (1,39%) e da mediana do mercado (1,39%). O resultado ainda superou o topo das expectativas de mercado medidas pela BBG e Broadcast, de 1,44%.

Pelos grupos, a maior surpresa positiva ocorreu no grupo Alimentação e Bebidas, especificamente tubérculos, raízes e legumes (com altas expressivas em tomate e cenoura) e hortaliças e verduras (repolho). Além disso, Transportes teve elevações acima do esperado no preço de combustíveis, motocicletas e aluguel de veículo. Adicionalmente, houve surpresas desfavoráveis de forma generalizada no grupo Vestuários.

Pelas aberturas, os preços administrados ficaram acima do esperado (2,65% vs. 2,38% exp.), com principais diferenças em combustíveis e ônibus interestadual. Nos preços livres (1,24% vs. 1,02% exp.), a surpresa altista ocorreu principalmente na alimentação em domicílio (3,09%, exp. 2,35%) e, em, menor grau, nos bens industriais (1,20%, exp. 1,06%) e serviços (0,45%, exp. 0,40%). Nas leituras subjacentes, os industriais mostraram alta de 1,35% (vs. 1,25% exp.) e os serviços subiram 0,78% (exp. 0,59%).

A média dos cinco núcleos acompanhados pelo Banco Central atingiu impressionantes 0,98%, ligeiramente abaixo dos 1,00% observados no mês anterior, porém ainda em patamar consideravelmente elevado. Em 12 meses, a medida acumula alta de 9,01%, acelerando frente aos 8,40% acumulados até fevereiro/22. Adicionalmente, o índice de difusão subiu para 76,13% (vs. 74,80% em fev/22).

Enxergamos o IPCA com composição extremamente desfavorável, não somente nos itens administrados ou em alimentos, que foram as maiores contribuições para o headline no mês, mas também nos itens subjacentes e núcleos e difusão.

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Nossos cálculos que separam os preços livres em cíclicos (reagentes ao hiato) e acíclicos (não-reagentes ao hiato) trazem informações relevantes sobre a natureza do IPCA (gráfico abaixo). Tendo em vista a dinâmica elevada tanto dos acíclicos (9,25% YoY) quanto dos administrados (14,84% YoY), seria necessária uma queda abrupta nos itens cíclicos (7,87% YoY) para que a inflação convergisse à meta no horizonte relevante. Para isso, o hiato deveria ser consideravelmente mais aberto do que o gerado pela trajetória esperada da Selic. Além disso, a inércia trazida pela inflação atual coloca ainda mais riscos para o cumprimento da meta em 2023. Mantemos, portanto, que dificilmente a inflação desacelerará para 3.25% no ano que vem.

Por esses motivos, a divulgação do IPCA coloca viés altista na nossa projeção de SELIC (12,75%) e de IPCA (7,00%) para 2022.

 

 

 

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