Em 2020, 28 empresas decidiram abrir o capital por meio do processo de IPO. Esta foi a maior onda de ofertas públicas iniciais desde 2007, quando 64 empresas abriram suas portas aos investidores, e mais de 12 realizaram follow-on’s.
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Movidas pela taxa Selic em baixa e por investidores ávidos pelos ativos rentáveis disponíveis na renda variável, as empresas aproveitaram a oportunidade para estrear na B3 (B3SA3) em 2020. Apesar da expectativa de atrair os mais de 3 milhões de investidores listados na bolsa de valores, nem todas as ações decolaram de fato. Enquanto casos de sucesso, como as empresas digitais Locaweb (LWSA3), Meliuz (CASH3) e Enjoei (ENJU3) se destacaram entre o grupo, outras despencaram rapidamente.
Entre os casos de queda, estão as empresas Moura Dubeux (MDNE3), que utilizou 90% dos recursos angariados pela oferta para quitar dívidas empresariais, e a industrial Priner (PRNR3).
Apesar de rentabilidade passada não garantir rentabilidade futura, é necessário que o investidor se atente a alguns fatores antes de investir grandes quantidades de dinheiro em IPOs.
IPO: perfil de investidor
Em primeiro lugar, é necessário compreender que entender o futuro das empresas que acabaram de entrar na bolsa é mais complexo, por não haver um gráfico indicativo de rentabilidade das ações, ou até mesmo dados financeiros passados a longo prazo.
Portanto, você irá me perguntar: como eu posso saber se um IPO pode ser um ativo vantajoso para integrar minha carteira? Te direi que não há resposta concreta. Tal como criei o Método MR2 para guiar minhas finanças e investimentos, você precisa encontrar sua estratégia de investidor. É necessário, além disso, compreender qual é a motivação por trás de sua posição em uma empresa.
Utilizarei um caso concreto como base para você entender suas próprias posições quando se trata de comprar ou não as ações de um IPO. Em dezembro do ano passado, a empresa Intelbras (INTB3) anunciou sua intenção de abrir o capital. Após a mobilização e estruturação para quitar os documentos requisitados pela B3 (B3SA3) e pela CVM, as ações da empresa irão estrear na bolsa no dia 4 de fevereiro, sendo que a reserva de ativos foi iniciada no dia 19 de janeiro, e se prolongará até 1 de fevereiro.
IPO: o que o investidor precisa saber da Intelbras (INTB3)
Com uma história de mais de 40 anos, a Intelbras atua nos ramos de telecomunicação, segurança empresarial e residencial, energia e ativos tecnológicos de ponta. O primeiro que se pode comentar é a ampla penetração da empresa nos setores em que está presente, com uma fatia de marketshare generosa em cada uma. Além disso, a empresa possui boa cultura organizacional e comunicação empresarial de sucesso entre os consumidores. Todos estes setores são essenciais na vida das pessoas.
Quando visualizamos os dados financeiros da empresa, também compreendemos que suas dívidas são estreitas, e que seus lucros estão em expansão. Entre janeiro e setembro de 2020, o Ebtida da companhia foi de R$ 250,8 milhões, alta de 78,4% quando comparado ao mesmo período em 2019. Os dados demonstram otimismo quanto à gestão instituída na Intelbras, que demonstra eficiência em sua geração de caixa e manutenção de marca.
No mais, como a cereja do bolo, podemos ver em seu prospecto que a empresa investirá 100% dos recursos angariados com as ofertas. Segundo comunicado oficial, “A Intelbras irá utilizar os recursos da oferta primária para acelerar seu crescimento sustentável por meio de aquisições, expansão da sua capacidade industrial e automação de processos produtivos, ampliação de soluções de software as a service e hardware as a service, bem como para expandir canais internos verticais e de varejo”.
Este fato gera otimismo quanto ao destino da instituição, que demonstra capacidade de expansão e eficiência na alocação de recursos. Este é um dos itens mais importantes que o investidor precisa olhar em um IPO: O que a empresa fará com o dinheiro?
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Ações INTB3
Com isso, o perfil da empresa se esclarece ao investidor. Assumo que quando vi o prospecto da Intelbras, fiquei animado com seu IPO, que deve, inclusive, movimentar mais de R$ 1,2 bilhão em sua oferta base. Como investem em atualizações constantes de eletrônicos e sistemas, sinto que a falência do ramo e da empresa não podem ser esperados em qualquer futuro próximo.
Na prática, é a máxima do mercado financeiro: todo atalho esconde um precipício. Além disso, uma empresa de tecnologia que conseguiu vencer crises e planos econômicos no Brasil, assim como a WEG, precisa ser olhada. Afinal, o Brasil não é para amadores.
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