O Ibovespa flertando com os 130 mil pontos? Um levantamento da XP Investimentos aponta que houve uma notável melhora no interesse por investimentos em ações do Ibovespa em novembro. No entanto, paralelamente, a pesquisa revela um aumento na preocupação com o risco fiscal doméstico durante o mesmo período.
De acordo com os resultados, 40% dos assessores indicaram que seus clientes têm a intenção de aumentar sua exposição em renda variável, representando um aumento de 37%. Os analistas da XP atribuem essa tendência principalmente à queda nas taxas de juros, especialmente a taxa de juros da Treasury de 10 anos e o fechamento da curva de juros no Brasil.
Os setores preferidos pelos assessores de investimentos no índice principal da bolsa de São Paulo são os mais defensivos, como elétricas, saneamento e financeiro. Em contrapartida, transporte e educação permanecem entre os setores menos recomendados. Quanto aos principais riscos para a bolsa brasileira, a preocupação com a política fiscal foi apontada como a mais significativa, aumentando de 28% para 46%.
Outras preocupações incluem a possibilidade do enfraquecimento da economia dos EUA e uma política monetária mais restritiva nos mercados desenvolvidos. Além disso, os riscos geopolíticos, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, e o conflito entre Israel e Hamas, também foram destacados.
Para o próximo ano, aproximadamente 39% dos assessores acreditam que o Ibovespa encerrará 2024 entre 120 mil e 130 mil pontos, com uma média de 125 mil pontos ao final do ano. Aqueles que preveem o Ibovespa abaixo dos 120 mil pontos representam 29%. Mas, e para 2023, qual a expectativa para o Ibovespa?
Cenário é positivo para o índice e rali pode acontecer
Para a Gestora Equus, pode-se dizer que esse movimento de alta recente teve início nos últimos dias de outubro e coincidiu com uma série de fatores locais e globais, principalmente ligados à inflação e comportamento das taxas de juros.
A companhia afirma que o principal destaque é que a inflação no Brasil e no mundo deu sinais de arrefecimento e abriu a porta para reduções nas taxas de juros não apenas no Brasil, cujo movimento de cortes teve início em agosto, mas também no mundo. Além disso, perspectivas melhores para a economia brasileira e os preços atuais das empresas na bolsa também contribuem fortemente para uma recuperação do valor de mercado das empresas listadas.
“Embora seja difícil cravar um número para o índice, como os 130 mil pontos, é seguro defender que o cenário para ele é benéfico”, afirma Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital.
Em relação à possibilidade de um rali de fim de ano, a Equus destaca que, estatisticamente falando, existe uma chance maior de acontecer. “Eles são mais comuns do que se pensa”, frisa, acrescentando que de 2010 até 2022 o rendimento do Ibovespa em dezembro superou a média dos meses anteriores em 54% desses anos. “Este dado é ainda mais significativo quando ampliamos a janela de tempo: desde o início do milênio, de 2000 a 2022, em 65% dos anos, dezembro apresentou um rendimento superior à média anual. Esses números destacam a consistência do rali de fim de ano ao longo das duas últimas décadas”, destaca.
Também afirma que a queda de juros contribui para reduzir o custo financeiro das empresas facilitando a contratação e pagamento de operações de crédito, o que dá mais fôlego financeiro para elas investirem em novos projetos e terem margens mais saudáveis. “Além disso, à medida que investimentos em renda fixa começam a perder sua atratividade relativa a investimentos mais arriscados, como em ações de empresas listadas, é natural que haja uma migração de capital para este tipo de investimento”, elenca.
Déficit fiscal pode prejudicar a Bolsa
Para o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, o Ibovespa tem tudo para fechar a semana de forma muito positiva, e a segunda leitura do PIB do terceiro trimestre dos EUA pode ajudar a bolsa brasileira a performar. “O principal índice da bolsa brasileira deve ser ajudado, ainda, pela antecipação do governo acerca da queda dos juros”, diz.
Entretanto, o especialista elenca que o bom momento vivido pelo Ibovespa é mais momentâneo do que permanente, e isso pode resultar em um não rali de fim de ano, principalmente pelas incertezas que pairam sobre o déficit fiscal para o ano que vem. Ainda assim, ele concorda que é oportuno que o investidor comece a se posicionar em renda variável, mas sempre com cautela.
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