A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, Banco Central do Brasil, veio em linha com as expectativas do mercado.
O documento detalha o âmbito doméstico, com o conjunto de indicadores recentes sugerindo um cenário de desaceleração gradual da atividade. O desempenho da agricultura, concentrado no primeiro trimestre, o ritmo de crescimento da atividade segue corroborando o cenário antecipado pelo Comitê. “De modo geral, observa-se alguma retração no setor de comércio, estabilidade na indústria e certa acomodação no setor de serviços, após ritmo mais forte nos trimestres anteriores. O mercado de trabalho segue resiliente, mas com alguma moderação na margem”, explicaram os membros do Copom.
Para a inflação ao consumidor, os apontamentos mostram uma dinâmica corrente mais benigna, em particular nos componentes referentes a bens industriais e alimentos. “Os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que possuem maior inércia inflacionária, apresentaram queda. Porém, mantêm-se acima da meta para a inflação”, disseram. O Copom tem expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus recuaram e encontram-se em torno de 4,8%, 3,9% e 3,5%, respectivamente.
Sobre a extensão do ciclo de ajustes na política monetária
O Comitê analisou as projeções do cenário de referência, de um cenário com redução da taxa de juros em 0,50 ponto percentual na última reunião e de cenários alternativos que refletiam o balanço de riscos. “Evidenciou-se, nessa análise, a necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas”, avaliaram.
O Copom avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros para 13,50%, mas considerou ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 ponto percentual nesta reunião em função da melhora do quadro inflacionário. Com isso, reforçar o firme objetivo de manter uma política monetária contracionista para a reancoragem das expectativas e a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante.
A conjuntura atual demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.”
O Comitê mantém seu firme compromisso com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e reforça que a extensão do ciclo refletirá o mandato legal do Banco Central.
Ambiente Externo
O ambiente externo mostra-se incerto, com alguma desinflação sendo observada na margem, mas marcado por núcleos de inflação ainda elevados, desaceleração gradual da atividade e resiliência nos mercados de trabalho de diversos países. Em paralelo, os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas.
Sobre as divergências
Um grupo defendeu uma redução da taxa de juros mais parcimoniosa. Para esse grupo, a própria sinalização do Comitê já enfatizava a cautela e a parcimônia em tal conjuntura. Na opinião desses membros, não se observaram alterações relevantes no cenário ou projeções do Comitê que justificassem uma reavaliação dessa sinalização.
Outro grupo enfatizou alguns desenvolvimentos desde a última reunião, como a dinâmica recente de inflação mais benigna do que era esperado.
Quem votou?
Votaram para a redução o presidente Roberto de Oliveira Campos Neto, Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Gabriel Muricca Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso.
Na contramão, ou seja, para um corte em 0,25 p.p. eram Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes.
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