O Índice de Atividade Econômica do Banco Central, o IBC-Br, trouxe um crescimento de 0,57% no 2º trimestre de 2022, mantendo maior tração que o esperado. Apesar da perda de ritmo da Indústria e do Varejo, o setor de Serviços possibilitou a redução do desemprego e manteve atividade em campo positivo.
Neste mês de agosto, indicadores recentes apontam para a melhora de “expectativas de mercado” e crescimento do PIB no 2º semestre.
Nesse conjunto de impulsos podem ser identificados vetores importantes como o arcabouço de medidas do governo e ações de estímulo que beneficiam renda, crédito e liquidez; ampliando a capacidade de resposta do produto econômico. Há também outros aspectos.
O Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), observou deflação de 0,68% em julho por efeito da desoneração de tributos sobre combustíveis e energia elétrica, promovidos pelo governo. Com isso a inflação regrediu de 11,89% em junho para 10,07% em julho no acumulado em 12 meses. Mas, o efeito foi localizado, sem trazer alívio expressivo para grupos essenciais como alimentos. Em agosto, o índice deve ter nova deflação próxima de 0,25% no mês e poderá situar-se abaixo de 9,0% no acumulado 12 meses.
Outros fatores indicam gradual desaceleração da curva de inflação: sazonalidade favorável de alimentos e preços competitivos, acomodação gradual do preço de grãos, taxa de cambio moderadamente menor, e queda patamar dos preços de petróleo.
Atualmente, o PIB recebe impulso por efeito de elevados gastos públicos, expressivos montantes de auxílios governamentais e crédito público e também credito privado mesmo que seletivo. Contexto que levou as projeções de PIB 2022 para 2,0% a 2,5%.
Finalmente, o expressivo aperto monetário promovido pelo Banco Central chegou ao seu pico com SELIC de 13,75%; ou de 14,00% no COPOM de setembro, para apoiar a “ancoragem de expectativas” de longo prazo de convergência nas metas de inflação.
A inflação expressiva e taxa de juros elevada afetou drasticamente segmentos de baixa renda. Também afetou a média renda, forçando a contração de gastos no orçamento familiar e no consumo. Assim, o PIB 2023 será bastante reduzido. Nessa perspectiva, com juros reais de 7,00% (ex-post) em dezembro 2022, crescem as “expectativas de mercado” de início da redução de juros no 1º semestre de 2023.
*Nicola Tingas é economista-chefe da Acrefi
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