Atualmente, o Brasil conta com cerca de 65 milhões de pessoas endividadas. Somente em 2018, cerca de 62, 6 milhões de pessoas fecharam o ano com o nome sujo, de acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Este número representa 40% da população adulta brasileira, ou seja, quase metade das pessoas contém dívidas e já negativaram o seu CPF.
Muitas vezes, se endividar é um comportamento visto como normal ou até ensinado. Mas, dentro disso, existem também pessoas que sofrem com isso, que entendem o comprar e consequentemente o dever, como uma necessidade.
Pessoas que carregam muitas dívidas e continuam fazendo novas, são conhecidas como devedores compulsivos, ou seja, assim como existe a compulsão alimentar, existe também a de dever, o prazer de fazer compras, mesmo que não possua o dinheiro para arcar com isto.
Como fica quem tem muitas dívidas?
De acordo com o grupo Devedores Anônimos, viver em um constante estado de dívida deixa de ser um problema somente financeiro e passa também a ser uma doença. No caso do devedor compulsivo, ele se caracteriza por ter gastos que não satisfazem sua necessidade. Para entender melhor sobre este caso, o Canal 1Bilhão Educação Financeira convidou a Psicóloga e Analista Comportamental Larissa Miranda, para explicar como identificar a compulsão e dando dicas para amenizar o problema.
“O devedor compulsivo é aquela pessoa que gasta mais do que tem, além de gastar mesmo quando não que gastar, ou seja, ela está sem dinheiro, está endividada no cartão de crédito, usando cheque especial, e mesmo assim continua gastando bastante”, comenta Larissa.
O Financista do Canal, Fabrizio Gueratto, questiona a Psicóloga sobre como identificar se uma pessoa é compulsiva ou somente enrolada financeiramente. “Larissa, quais são as características emocionais que normalmente um devedor compulsivo contém? ”, pergunta Gueratto. “Normalmente, é quando se começa a ter prejuízo na vida financeira, quando começa a dever para banco, cartão de crédito, o nome fica sujo, além de precisar esconder as compras. A pessoa que compra acaba comprando muito, e ela acaba sentindo vergonha do que comprou”, explica.
Devo me preocupar?
A compulsão pode causar muitos problemas também na vida das pessoas que estão em volta, como separação de casais, brigas de famílias, como de filhos com pais ou vice e versa. “Quando você tem um casal onde um gasta demais, consequentemente comprometendo as finanças, pode sim resultar em um divórcio”, comenta Miranda.
“Nós repetimos muito os comportamentos que aprendemos, principalmente dos nossos país. E pode ocorrer dos compulsivos serem compulsivos por ter pais que não souberam lidar com o dinheiro? ”, pergunta o Financista.
A Analista então explica que sim, que isto é algo comum de acontecer. “Eu vejo o meu pai ou minha mãe gastando, então eles me incentivam a gastar, pois quando compram algo para eles compram para mim também, então eu aprendo que comprar é legal. E é assim que se aprende que também se deve comprar”, diz.
Normalmente, um vício acaba chamando outro vício, e Larissa explica que é possível ver que a pessoa bebe demais, fuma demais, come demais ou então tem casos na família, é comum que ela desenvolva também uma compulsão e isto pode ser a vontade de gastar.
“É como ter tendência a algum vício. No caso de gastar, é algo prazeroso, além de ser um prazer imediato. É muito mais fácil e gastar e ter naquilo na hora do que poupar e aguardar 1, 2 ou até 3 anos para ter um retorno, para ver alguma mudança no investimento. Isso é chamado de reforço atrasado, quando você se esforça muito e demora para ter um retorno”, comenta Larissa.
Qual melhor alternativa?
Gueratto pede então para que a Analista passe soluções para um compulsivo. “Primeiramente é importante tirar o cartão de crédito da bolsa ou carteira, deixar com alguém de confiança ou até cancelar. É importante lembrar que só se pode gastar o que é seu, já o cartão de crédito não, é um dinheiro que você ainda precisa ganhar para paga isto. ” explica Larissa Miranda.
E completa: “Junto disso, tirar o limite da conta também é necessário, pois segue a mesma linha do cartão de crédito. Fazer um cálculo do quanto se gasta por semana pode ser uma boa também, sacando já o valor exato, para não ter quando quiser gastar com coisas supérfluas. Além disso, a ajuda especializada é sempre importante, procurar um profissional é sempre o melhor em casos de compulsão”, finaliza Larissa Miranda.
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