Wall Street foi o grande chefão e mostrou sua independência: “Trump, duas semanas e você está demitido”

Enquanto uma multidão de ardentes apoiadores de Trump invadiu e assumiu o Congresso, interrompendo a confirmação da vitória presidencial de Joe Biden, Wall Street parecia não ter sido afetada pela cena enquanto as médias principais atingiam novos máximos.

Não apenas Biden, um democrata, será empossado no cargo em menos de duas semanas, como também terá a maioria do partido na Câmara e no Senado.

Trump: o mercado mal reconheceu o caos então?

É uma pergunta que surge o tempo todo: por que o mercado não está reagindo a algo que está assustando tantos de nós ? E a única resposta que posso dar é que o mercado, embora responda às emoções dos seres humanos, não responde a eventos que não parecem que afetarão a economia. E este não.

Há alguma precedência para os mercados olharem além da turbulência política dos EUA, mesmo quando for violenta e perturbadora. Quando John F. Kennedy foi assassinado em 1963, os investidores estavam provavelmente mais preocupados com o risco de uma guerra nuclear entre os EUA e a União Soviética. A renúncia do presidente Richard Nixon em 1974 e a tentativa de assassinato contra o presidente Ronald Reagan em 1981 também não fizeram com que os investidores perdessem a fé nos Estados Unidos. Esses eventos, por mais sísmicos que fossem política e socialmente, não foram vistos como riscos sistêmicos para o governo ou para os mercados financeiros.

Trump: o mercado rasileiro

Em todo o mundo, presidentes e primeiros-ministros estão lutando para conseguir frascos da preciosa vacina do Covid, não só para proteger os cidadãos, como também buscando ganhar apoio político. Não o nosso Jair Bolsonaro.

O presidente, que desde o início menosprezou a pandemia, recusa-se a vacinar sua população, desdenha de qualquer necessidade de negociar com as farmacêuticas e diz que o país vai esperar que os preços caiam antes de comprar seringas ou agulhas. Afinal, “o país está quebrado” e ele não pode fazer nada em relação a isso.

Esta frase provavelmente foi ofuscada pelo “grande” problema no Capitólio Americano, mas seguiu a mesma linha dos Estados Unidos. A IBOVESPA mostrou força e pode ter colocado em risco qualquer análise, inclusive a minha, macroeconômica, de que o mercado de capitais brasileiro é interrompido, ou melhor, afetado diretamente pela nossa política.

Temos 2020 como exemplo. A Taxa de Câmbio no Brasil sofreu alta volatilidade durante grande parte do ano, desde que a pandemia da Covid-19 começou, permitindo que o dólar subisse até 29% ante o real, fazendo 1 dólar custar quase 6 reais. E já começamos 2021 na mesma.

Conclusão para o investidor

“Ibovespa vai ao recorde e depois mergulha, levado pela política dos EUA” essa era a manchete de dois dias atrás do Valor Econômico, mas hoje já podemos dizer que ela subiu e bateu novamente seu recorde.

Mas, e aí? Foi o mercado de ações que esqueceu que a política existe ou foi a política que se auto mutilou e agora não faz parte do índice de confiança dos investidores?

Essa novela está só começando e para a primeira coluna do ano eu daria um conselho de amiga: invista em ações antes que seja tarde demais para acompanhar a história. Ou não!

Aí você que analise seu risco meu amigo!

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