Por R$ 400 milhões, Ronaldo Fenômeno comprou o Cruzeiro, time que o revelou, no sábado. Esse valor foi o suficiente para levar 90% das ações da SAF, o veículo utilizado para transformar o clube mineiro em um clube-empresa.
O valuation pareceu baixo para muita gente que gosta de futebol: vale quase o mesmo que o shopping do maior rival, o Atlético-MG, e apenas 0,17% do Nubank, que abriu o capital na semana anterior. E tendo em vista as dívidas bilionárias do Cruzeiro, junto com sua incapacidade de fazer dinheiro (por amargar uma posição incômoda na Série B, já há três anos), o valuation não parece tão baixo.
Ronaldo vai investir seus R$ 400 milhões nos próximos cinco anos. A prioridade tem que ser tirar o Cruzeiro da segunda divisão, o que já garante um aumento expressivo na capacidade do clube de gerar receitas por meio de televisão, vendas de atletas e de ingressos.
Ao menos 20% das receitas do clube precisam ser destinadas para o pagamento das dívidas antigas, e com o retorno da torcida ao estádio, empolgada com o novo dono, o Cruzeiro pode se transformar em uma máquina de fazer dinheiro um excelente investimento para o ex-jogador.
Há de se comprar bons ativos com preços baixos: o Cruzeiro era justamente isso. Um clube com uma das maiores torcidas do Brasil, com um centro de treinamento tido como um dos melhores do País, e uma marca forte e reconhecida de norte a sul. Como uma ação de boa empresa que caiu, o Cruzeiro tem um potencial de valorização enorme.
Se subir de divisão e registrar um aumento de valuation expressivo por conta disso, Ronaldo poderá vender uma parte do Cruzeiro e diminuir significativamente seu risco na operação. Pode ser um negócio excelente para ele, a ponto de transformá-lo no Warren Buffett da bola, um Fenômeno.
Ou pode, para a alegria da torcida do Atlético, ser um grande fracasso. Certamente o histórico do Ronaldo como dono de time não é dos mais animadores: foi dono do Fort Lauderdale Strikers, faliu, e é dono do Real Valladollid, que caiu para segunda divisão da Espanha este ano – com boa parte dos torcedores culpando a displicência do Fenômeno.
Bola na bolsa
SAFs foram constituídas também como uma forma de salvar os clubes. Muito do que foi pensado foi para que clubes consigam se profissionalizar e agir como empresas. Dentro das SAFs, três possibilidades interessantes surgiram e que podem ser de interesse do investidor:
- Clubes poderão lançar instrumentos financeiros para se financiarem, como debêntures
- Poderão lançar fundos de investimentos
- Poderão abrir o capital na bolsa em algum dado momento
Esses três instrumentos podem ser muito interessantes para permitir que você invista no seu clube de coração. Se eles vão ser usados por Ronaldo no Cruzeiro, ninguém sabe.
No mundo, são vários os clubes que possuem capital aberto: Manchester United, Juventus, Roma, Arsenal, Borussia Dortmund, entre eles…
Parece que no Brasil isso é uma possibilidade em breve. O Cruzeiro já começou esse caminho com a venda e o Botafogo parece que está indo neste jornada também. E quem sabe um dia todos os clubes grandes no País do futebol vão ser empresas…