A tensão entre Rússia e Ucrânia começa a trazer impactos reais para o mercado – tanto o mercado de ações quanto o da gasolina e diesel no Brasil. O preço do barril de petróleo pode pular de US$ 80 na semana passada para US$ 120 nas próximas semanas – já está se aproximando US$ 100!
Isso deve ser mais um fator para jogar o preço dos combustíveis para cima aqui no Brasil, que pode chegar até R$ 10 por litro de gasolina se o aumento for expressivo. O litro já passa de R$ 8 em muitos locais do Brasil e acima dos R$ 9 em alguns lugares.
Mesmo assim, a alta não deve ser tão forte quanto ano passado, quando a gasolina subiu mais de 45% impulsionado por uma forte alta do preço do petróleo fora do Brasil. Dois anos atrás, o petróleo negociava em US$ 20, mínima de décadas, com a demanda mais baixa do que nunca. O aumento da demanda e a possível redução da oferta pressionam o preço para cima, dado que reservas estratégicas estão baixas na maior parte dos países.
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Petróleo pelo mundo
A Rússia é uma grande produtora de petróleo e gás natural, e caso venha acontecer um conflito entre os dois países ex-soviéticos, sanções podem ser aplicadas e a exportação por lá, parar. Seria difícil encontrar algum produtor do mesmo tamanho e peso da Rússia, muito embora um acordo nuclear entre Estados Unidos e Irã consiga aliviar os preços, pela retirada das sanções ao país muçulmano, um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
A OPEC (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) também está tentando elevar a produção como forma de suprir a demanda, mas tem encontrado dificuldades, e não bateu a meta proposta. A organização tenta controlar oferta e demanda para estabilizar preços, mas tem tido dificuldade em fazê-lo há anos.
A Venezuela, que é a detentora da maior reserva mundial, tem sido um problema em termos de produção, visto que os 900 mil barris diários que ela produz estão abaixo da meta de 1,2 milhão – e muito longe dos 3,5 milhões de barris diários produzidos antes do Chavismo. Ainda assim, é um número muito maior que os 450 mil barris diários vistos no final de 2020. O país tem uma meta de produzir 2 milhões de barris diários em 2022, o que especialistas em petróleo acreditam ser impossível.
O preço da gasolina no Brasil segue o preço do barril de petróleo internacional, até pelo fato de que o Brasil importa cerca de R$ 250 milhões por ano em derivados da commodity para suprir a demanda interna. Assim, é bastante sensível ao preço do barril e do dólar, que tem recuado neste início de ano – e contido um pouco esse aumento do barril.
O Brasil produziu em média 2,90 milhões de barris de petróleo por dia em 2022 – sendo a Petrobras (PETR3, PETR4) responsável por boa parte desta produção, em 2,77 milhões de barris. Sem capacidade de refino, o Brasil não tem conseguido suprir a demanda interna e precisa importar para fechar no positivo. Na década passada, isso resultou em grandes perdas na Estatal por conta de uma política de preços deficitária para segurar a inflação durante o governo de Dilma Rousseff.