Os conselheiros de administração que vão ser eleitos na assembleia da Petrobras (PETR4) terão a missão de ajudar a construir a estratégia de uma das maiores empresas do país. Apesar da visibilidade e do status que o cargo traz, o salário não está entre os maiores das companhias que compõem o Ibovespa.
As informações constam em levantamento elaborado pelo ex-diretor da Previ e especialista em governança, Renato Chaves, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).
De acordo com o Valor Econômico, os gastos com o conselho de administração foram de quase R$ 3 milhões no ano passado. Na assembleia desta segunda-feira, serão eleitos oito nomes para o conselho de um total de 11. No sentido oposto, empresas como Natura (R$ 81,1 milhões) e Bradesco (R$ 90,8 milhões) são as que mais gastaram com esses representantes em 2020. E em muitos casos, os ganhos vão além dos salários e se multiplicam com a participações em comitês, por exemplo.
Petrobras
Considerando apenas o pagamento de salários de conselheiros, a Petrobras desembolsou R$ 1,6 milhão em 2020. Não há remuneração por comitês, mas “outros gastos” e “cessação de cargos” (remuneração por outra função, em geral da diretoria) quase dobram o gasto total para R$ 2,9 milhões.
Todos os números do levantamento constam nos formulários de referência. Apenas na Natura os dados foram colhidos das demonstrações financeiras.
“No Brasil, a remuneração de conselhos depende de quem é o dono e não guarda relação com tamanho e risco envolvido”, avaliou Chaves. Em geral, os números chamam atenção, na visão dele. Nas empresas maiores, o conselho se vê cercado de comitês, há técnicos apoiando as decisões. E existe também uma estrutura de análise, consultores externos.
“Se for uma empresa com controlador, a decisão já vem pronta, em geral o conselho vai carimbar um papel porque não vai enfrentar o controlador”, acrescentou o ex-diretor da Previ.
Petroleira
A atuação do conselho visa a fazer o elo entre os acionistas e a gestão, especialmente em uma empresa de capital aberto onde há inúmeros sócios, segundo o gerente de pesquisa e conteúdo do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Luiz Martha. Na visão dele, há um maior protagonismo desses representantes.
“Os conselheiros estão entendendo que o seu papel não é apenas dizer ‘yes, man’, mas sim de contestar, discutir e debater para decidir de fato o que entendem que é melhor para a companhia”, disse.
O conselho de administração é um órgão cada vez mais importante nas companhias, na visão do professor da FGV, Joaquim Fontes Filho, um dos responsáveis pela pesquisa. No entanto, se desconhece a forma como opera. E em muitos casos não há interesse, por parte de investidores que inclusive aprovam a remuneração em assembleia, de souberem ao menos a s
Por outro lado, conselhos vêm ganhando cada vez mais atribuições, e muitas vezes trabalhando no dia a dia da companhia. “Não parece factível colocar tantos papéis para um órgão que tem um papel de orientação. Há risco de virar um novo C-level [nível executivo]”, afirmou.
Veja PETR4 na Bolsa:
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